sexta, 22 de novembro de 2024
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Comerciante da região investigado por estelionato é preso em SP

Um comerciante de automóveis de 49 anos, de Araçatuba, conhecido como Pirula, que está sendo investigado após várias denúncias de estelionato, envolvendo mais de 25 veículos de clientes, foi preso…

Um comerciante de automóveis de 49 anos, de Araçatuba, conhecido como Pirula, que está sendo investigado após várias denúncias de estelionato, envolvendo mais de 25 veículos de clientes, foi preso na manhã dessa quarta-feira (6) em São Paulo, capital, com base em um mandado expedido pela Justiça do Mato Grosso do Sul.

A prisão foi feita por policiais da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudação, Falsificações, Falimentares e Fazendários de Campo Grande (MS), que foram a São Paulo cumprir o mandado de prisão.

HOTEL

Ele estava hospedado com a esposa e um filho de 15 anos no hotel Genéve, na rua Jener, bairro Aclimação. A reportagem do RP10 apurou que o comerciante foi preso na frente da mulher e do filho. O mandado de prisão teve base em um inquérito instaurado por uma vítima que tomou prejuízo de R$ 630 mil com o comerciante.

DINHEIRO

Informações ainda não confirmadas pela polícia dão conta de que, no momento da prisão, ele estaria com R$ 1,6 milhão em dinheiro. Também foi apurado que o comerciante estava atualmente ficando com a família neste hotel, onde pagava R$ 2,8 mil por mês apenas para um personal trainer o acompanhar na academia.

DEPOIMENTO

A reportagem conseguiu entrar em contato com uma pessoa de Campo Grande, a qual confirmou que o comerciante já prestou depoimento e está sendo conduzido agora à tarde para uma unidade prisional, onde ficará detido.

Em relação ao golpe dado em uma vítima que é araçatubense e reside em Campo Grande (MS), o comerciante alegou em depoimento à Polícia Civil que estava com problemas de cabeça quando isso ocorreu. Ele ainda declarou que estava trabalhando em uma gráfica de parentes.

A vítima de Campo Grande foi amigo de infância do comerciante e é casado com uma delegada de Polícia. Confiando na amizade, ele depositou um total de R$ 630 mil, sendo R$ 260 mil para a compra de uma Amarok e R$ 370 mil para a de uma SW4, da Toyota. No entanto, nunca mais conseguiu reaver o dinheiro e nem recebeu os veículos. Ele registrou boletim de ocorrência e o inquérito acabou resultando no mandado de prisão.

MUDANÇAS

A reportagem do RP10 apurou que depois que começaram a surgir os boletins de ocorrência contra ele, o comerciante fugiu de Araçatuba e passou por Sorocaba e São Paulo, em apartamentos alugados. Atualmente, estava residindo no hotel onde foi preso.

GOLPES X DELEGADO

No final do primeiro semestre deste ano, surgiram muitos casos de vítimas do comerciante, que atuava em um estacionamento na região central de Araçatuba. Ele pegava carros de clientes, fazia a venda e não pagava os proprietários, mesmo recebendo o dinheiro da venda.

Uma das vítimas foi um delegado de polícia de Araçatuba, que quase perdeu R$ 150 mil com o comerciante. Mas, provavelmente, por conta do cargo que ocupa, este policial civil foi, até agora, a única vítima que conseguiu reaver o dinheiro.

No dia 2 de julho, duas pessoas procuraram a polícia para registrar boletim de ocorrência contra este comerciante. A Polícia investiga os casos. Outras vítimas já haviam registrado B.Os., envolvendo, num total, pelo menos 10 veículos.

A reportagem não menciona o nome do comerciante porque o caso segue em investigação, sem julgamento pela Justiça, e também por conta da lei do abuso de autoridade, sancionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em 2019, a qual impede autoridades de mencionarem a identidade dos envolvidos nas ocorrências.

Um dos casos foi de um homem de 39 anos, que relatou à polícia que foi até a garagem em maio deste ano e deixou um veículo Onix, turbo, vendido no dia seguinte por R$ 82,5 mil. O comerciante pegou o recibo do carro, o qual foi assinado e entregue para a transferência.

O comerciante, sabendo que a vítima queria comprar um Hyundai Creta, pediu mais R$ 68,5 mil e disse que encomendaria um modelo zero quilômetro. A vítima fez a transferência via Pix, mas até hoje não recebeu o carro nem a devolução de dinheiro. Ele ficou com um veículo HB 20 emprestado, até que o Creta chegasse. Mas diante da dificuldade na negociação, procurou a polícia e registrou um B.O., acumulando prejuízo de R$ 150 mil.

Outra vítima que procurou a polícia foi um homem de 73 anos. Ele disse que entregou ao comerciante, para a venda, um Jetta Variant, preto, ano 2010, em maio deste ano. No final do mesmo mês o carro foi vendido e ele assinou o recibo para transferência, sendo que o comerciante informou que assim que recebesse o pagamento de uma carta de crédito de consórcio, faria o repasse à vítima, que até agora não recebeu nada.

Ele ficou sabendo dos vários problemas envolvendo a garagem e também procurou a polícia, registrando boletim de ocorrência por apropriação indébita.

VÍTIMA

Além das vítimas que tiveram prejuízo ao não receber o pagamento de veículos vendidos, ou receber veículos comprados do investigado, um comerciante dono de um estabelecimento que trabalha com revenda de veículos em Araçatuba foi um dos mais prejudicados, porque o homem frequentava o estabelecimento dele e muitas vezes se apresentava como sócio da empresa.

Após os golpes virem à tona, este proprietário passou a ser procurado e nem sabia de tantas transações feitas pelo comerciante, que desde 2019, não tinha mais vínculo com a empresa dele.

OUTROS CASOS

A Polícia Civil de Araçatuba está investigando uma série de denúncias feitas por vítimas contra este comerciante. Até agora a Polícia registrou ao menos seis vítimas e 10 veículos, sendo que o rombo, segundo fontes, é milionário.

Das vítimas que procuraram a polícia, a maior parte também é do ramo de comércio de veículos. Uma mulher relatou que comprou deste comerciante um Toyota Cross branco, ano 2021, avaliado em R$ 140 mil. A documentação estava em tramitação.

Como o tempo foi passando e o comerciante não entregou o documento, ela foi atrás do dono do carro, o qual afirmou que não recebeu o dinheiro pela venda do veículo e por isso não irá entregar a documentação.

Ainda segundo a mulher, outros dois carros que ela comprou deste mesmo comerciante também deram o mesmo problema. Ela pagou, mas como os donos não receberam, não entregaram a documentação. Trata-se de um ônix ano 2020 avaliado em R$ 45 mil e um Creta 2017 avaliado em R$ 78 mil.

Outro comerciante comprou quatro carros do acusado, sendo um Ford Territory avaliado em R$ 130 mil, um Onix branco avaliado em R$ 41,500, um Totyota Yaris vermelho avaliado em R$ 51 mil e um Yaris branco avaliado em R$ 53,5 mil. Ele afirma ter pago pelos quatro veículos. O Ford Territory não foi entregue pelo comerciante. Os outros três carros, ele entregou o veículo mas fica arrumando desculpas e não entrega o recibo para transferência.

Em outro caso, um homem deixou uma caminhonete Ranger, avaliada em R$ 160 mil, no estacionamento do investigado para a revenda. Posteriormente foi informado que o veículo havia sido vendido e era para ele entregar a documentação para realização do pagamento. Quando foi ao estacionamento do investigado ficou sabendo dos problemas.

Ele sabe que sua caminhonete foi vendida para outra revenda de veículos mas não conseguiu encontrá-la.

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