O volante Adílson anunciou nesta sexta-feira a sua aposentadoria dos gramados aos 32 anos. O meio-campista precisou deixar os gramados precocemente por causa de uma cardiomiopatia hipertrófica, detectada em exames realizados pelo departamento médico do Atlético Mineiro durante o período de pausa das competições de clube em função da disputa da Copa América.
“Fizemos uma avaliação agora, no meio do ano, na intertemporada, que identificou uma cardiomiopatia, uma doença cardíaca que o impede de seguir como atleta profissional de futebol. Isso foi estabelecido agora e, a partir do momento em que se estabeleceu, nossos primeiros cuidados foram discutir com o médico pessoal do atleta e também com um terceiro profissional para ouvir a opinião, discutir sobre o diagnóstico e a conduta que deveria ser tomada. Houve uma unanimidade em relação a essa conduta, que seria definir por abreviar a carreira do Adilson como atleta de futebol”, comentou o cardiologista Haroldo Christo Aleixo.
Adílson se pronunciou na Cidade do Galo, acompanhado pelos companheiros do elenco do Atlético-MG. E o meio-campista foi às lágrimas, sendo consolado pelo lateral-direito Patric, também emocionado pela doença do volante, a mesma que matou o zagueiro Serginho em 2004, quando defendia o São Caetano.
“Eu vim aqui só agradecer por todo o apoio, todo o suporte do departamento médico do Atlético, diretoria e presidente, que não estava no Brasil, mas fez questão de me ligar e me dar todo o apoio. Agradecer à rapaziada que está aqui. É isso que me fortalece. Já que estou nessa condição, é isso que eu gostaria de receber, então eu realmente agradeço a todos vocês por tudo que vocês têm feito, não só por esse momento, por tudo que passamos nos últimos anos. A relação comigo foi sempre de muito respeito e muito apoio, inclusive do clube, no momento da minha chegada, da minha renovação ano passado, quando escolhi permanecer no Atlético, de coração”, afirmou.
O diretor de futebol Rui Costa declarou que Adílson permanecerá vinculado ao Atlético-MG, ainda que o clube ainda não tenha definido qual função ele exercerá no dia-a-dia. A ideia da diretoria é de que o agora ex-jogador cumpra o seu contrato, válido até o fim de 2020, mesmo que não tenha mais condições de atuar.
“A determinação que tive do presidente Sérgio Sette Câmara, e ele nem precisava me determinar isso, é que nosso cuidado foi com o ser humano Adilson. E disse isso a ele pessoalmente, quando estive junto com ele e com o Marques na sua casa. O que não nos preocupa, agora, é quanto vai entrar na conta do Adilson, se o contrato vai ser isso ou aquilo. Ele estará aqui conosco por opção dele e por um pedido nosso. Ele vai experimentar, nessa nova fase da vida dele, experiências que possam deixá-lo aqui, conosco, e que permitam a ele perceber se vai querer ser integrante de comissão técnica, fazer um curso de gestão, ficar no meu lugar, trabalhar comigo, trabalhar com o pessoal. O que não abrimos mão é do Adilson no dia a dia. Nunca falamos de dinheiro, não vamos falar de contrato e ele terá os seus direitos garantidos. Não nos interessa, agora, absolutamente, discutir centavos, seguro. O que a gente quer o Adilson feliz aqui, com a gente, e temos certeza que a felicidade dele passa por estar aqui, com os seus companheiros, e vestindo essa camisa que ele fez questão de vestir quando veio para cá. Todo mundo perguntou porque ele viria com essa camisa e ele disse que era a camisa que vestia sempre”, declarou o diretor.
Após passar bela base do Caxias, Adílson se profissionalizou pelo Grêmio em 2007, tendo conquistado dois títulos gaúchos, até deixar o time em 2011, quando foi negociado com o Terek Grozny, da Rússia. Em 2017, retornou ao futebol brasileiro para atuar pelo Atlético-MG, sendo campeão estadual naquele ano. No total, foram 99 jogos disputados, com dois gols marcados.
“Queria tranquilizar a todos. Estou bem, não tive nenhuma reação física nesse processo todo. Sempre estive muito bem, vinha treinando, me preparando pro clássico. A vida vai seguir, eu vou seguir aqui no dia a dia do clube, o clube já tem manifestado o interesse que eu permaneça aqui no dia a dia, colaborando da melhor maneira possível. Só tenho a agradecer, até então aqui tem sido tudo maravilhoso na minha vida pessoal e esportiva. Minha filha vai nascer dia 22. Tenho muitos motivos pra seguir, para ser feliz”, acrescentou Adílson.