Quem chega de carro na Vila Kosmos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, tem que parar em uma das cancelas, abaixar o vidro, identificar-se e dizer o que está indo fazer lá.
Tudo certo se Vila Kosmos fosse um condomínio. Mas não é. É um bairro. Cansados com a escalada da violência, os moradores se mobilizaram e conseguiram autorização da prefeitura para fechar uma área equivalente a 18 campos de futebol com quatro cancelas eletrônicas, guaritas e câmeras de segurança.
“Os moradores resolveram se unir porque a situação de violência estava insustentável”, disse um dos moradores, o taxista Alessandro Molinaro, ao jornal Extra. “Todos conhecemos alguém que já foi assaltado ou teve a casa roubada. Estava muito perigoso. Agora, o fluxo de pessoas diminuiu muito. Para a gente, está bem melhor assim.”
Especialistas criticaram a anuência da prefeitura a essa iniciativa dos moradores. “Moradores querendo fechar bairro não me espanta. O que me espanta é o poder público autorizar”, disse a cientista social Silvia Ramos ao jornal.
“É cair no conto de que um muro vai trazer proteção. (…) Essa é uma conversa muito convincente, que têm muitos adeptos. Só que cabe ao poder público, que controla o que pode e o que não pode, justamente impedir isso. Senão a cidade vai acabar sendo toda loteada segundo o interesse dos moradores. Isso abre um precedente muito assustador.”