O país do futebol passará a ser do surfe neste sábado, 8, quando será dada a largada para a etapa de Pipeline, a última do Circuito Mundial de Surfe, que definirá o campeão da temporada.
A chamada está prevista para as 16 horas (de Brasília), na praia de Pipeline, Havaí. Favorito, o brasileiro Gabriel Medina busca o bicampeonato, enquanto seu amigo Filipe Toledo tenta sair na frente. Já o australiano Julian Wilson quer estragar a festa do brasileiro.
O evento é a celebração de uma temporada na qual o Brasil se tornou a principal potência da modalidade – desde então olímpica -, à frente das nações tradicionais do surfe. Das 10 etapas já disputadas, oito foram vencidas por surfistas do país – só Julian Wilson se “intrometeu” nessa competição caseira. Esse bom momento poderá ser coroado até o próximo dia 20, quando termina o prazo para a disputa do Pipe Masters, com mais um título para o Brasil no surfe.
Com vantagem na liderança do ranking mundial, Medina está mais perto do bicampeonato porque seus adversários precisam, no mínimo, chegar à final em Pipeline, o que não é fácil. Wilson já venceu o Pipe Masters justamente no ano que o brasileiro foi campeão mundial, em 2014, e Filipinho tem como melhor resultado um quinto lugar naquele ano. Isso sem contar que Medina costuma ir bem nas ondas havaianas – grandes e de fundo afiado, com pedras e corais.
Preparação
Na preparação para Pipeline, Medina fez trabalho físico com seu preparador Allan Menache na praia de Maresias, em São Sebastião (SP). Ele viajou para o Havaí no fim de novembro. Para manter a concentração, o brasileiro evitou dar entrevistas e se concentrou na busca do bi. “Quero agradecer à torcida por todo carinho recebido. Estou focado nessa reta final para dar o meu melhor”, disse o surfista, que ganhou um vídeo com mensagens de apoio de grandes ídolos do esporte como Pelé, Neymar, Cesar Cielo, Gustavo Kuerten e Kaká, entre outros.
Se Medina já sabe o caminho para levantar o troféu, quem tem tentado trilhar essa estrada é Filipinho, em uma temporada fabulosa, mas, por causa de duas etapas abaixo da média na França e em Portugal, deixou de estar em melhores condições para brigar pelo título no Havaí. Matematicamente há possibilidade de vitória, mas o rapaz de Ubatuba (SP) terá de se superar nos tubos em Pipeline. “As chances existem e só vou desistir quando não tiver mais”, disse.
Para os primeiros dias da disputa, a previsão de ondas é boa. Como os três candidatos ao título só podem se enfrentar em uma possível semifinal, por causa do chaveamento definido pelo ranking, a tendência é que especialistas nas ondas de Pipeline possam fazer a diferença em suas baterias para atrapalhar a caminhada dos três concorrentes ao título. Os candidatos a estragar a festa são Kelly Slater, Jeremy Flores, Michel Bourez, Joel Parkinson e alguns locais.
Concorrentes
Quem também pode eliminar os mais bem colocados é Italo Ferreira, quarto no ranking mundial, que teve bom ano. Ele foi o único a vencer três etapas da elite e, por pouco, não está na briga pelo caneco. Para Italo, quem aparecer em seu caminho terá de surfar muito para ser campeão.
“A disputa está boa, os três estão muito fortes. O Gabriel é um dos cotados para ser campeão do mundo, até pelo histórico dele em Pipeline, mas o Julian também é uma pessoa que surfa muito bem esse tipo de onda e pode incomodar bastante”, disse.
“O Filipe, por sua vez, vem embalado. Teve dois resultados ruins, mas isso vai dar mais vontade de ir bem no Havaí. Estou ansioso para essa última etapa, torcendo pelos brasileiros. Espero que um deles possa levar essa taça. Desejo sorte e que vença o melhor”.
Além do título, também está em jogo para muitos atletas a permanência na elite do surfe. Alguns brasileiros estão perto da zona de corte, como Yago Dora, Tomas Hermes e Ian Gouveia, e precisam de resultados para permanecer. Já Peterson Crisanto, Deivid Silva, Jesse Mendes e Jadson André estão garantidos.