Enquanto as grandes ligas da Europa ainda deslancham, em alguns lugares do continente o futebol já parou. Como na Islândia, que na última quinta (11) empatou amistoso com a França e na segunda (15) enfrenta a Suíça, pela Liga das Nações da Uefa.
Após ter sido uma das sensações da Copa do Mundo da Rússia, quando empatou com a Argentina antes de ser derrotada por Nigéria e Croácia, a Islândia vive dias difíceis no torneio. Tem duas derrotas (6 a 0 contra a Suíça e 3 a 0 para a Bélgica) e amarga a lanterna do Grupo 2 da Liga A.
Já no futebol local, a neve chega de forma implacável durante o inverno e não deixa os campos de futebol do país em condições de receber jogos do campeonato a esta altura do ano, com sensação térmica abaixo de zero.
Por isso, a liga islandesa é disputada de abril a setembro, para que o torneio se encaixe dentro do verão europeu e permita a realização dos jogos. Quando os atletas retornam para o começo da pré-temporada, no início do ano, as atividades ainda precisam ser feitas em ginásios ou campos cobertos. Só nas últimas duas décadas foram construídos pela federação local, com a participação do governo, 13 instalações desse tipo – 6 delas têm campos com tamanho oficial.
Porém, na hora de voltar para os campos abertos, a responsabilidade de limpar o gramado fica por conta dos próprios atletas. Até mesmo no atual campeão nacional, o Valur, clube da capital Reykjavík.
“Precisa usar o verão quando os campos estão limpos para jogar, ou não tem como. Nos dias de neve, cada um pega uma pá e limpa o gramado”, diz à reportagem o brasileiro Vítor Vieira, 18, que atua no Valur.
Natural de Porto Alegre, Vítor se mudou para a Islândia aos 8 anos porque seu pai arrumou um emprego no país.
Aos 10, já começou a jogar na escolinha do modesto Knattspyrnufélag Fjallabyggðar, da cidade de Ólafsfjördur, que tem apenas mil habitantes.
Em janeiro deste ano, ele se transferiu para o Valur, maior campeão islandês, com 22 títulos. Titular do sub-19, o meio-campista treina com o profissional e vai para o banco ocasionalmente nos jogos do time de cima. No clube, encontrou uma boa estrutura.
“O estádio tem grama sintética. A arquibancada pega 2.500, 3.000 pessoas. Fora do estádio tem mais um campo de grama e outro sintético, em que a base treina. E tem academia, cozinha, salas para jantar. É uma das melhores estruturas da Islândia”, conta.
Mas nem sempre os estádios da ilha com pouco mais de 300 mil habitantes oferecem a estrutura do Valur. Muitas partidas do campeonato são jogadas em campos de grama natural, dificultando a manutenção por conta do clima, e que estão localizados a poucos metros do mar, onde ventos mais fortes atrapalham a ação.
Ao menos a pausa do campeonato local não pesa para a montagem da seleção, já que a grande maioria da equipe atua em outros países.
No último Mundial, só o lateral Birkir Saevarsson, 33, jogava na Islândia. Nas férias que precederam a Copa, ele trabalhou em uma fábrica de sal. Com informações da Folhapress.