Levantamento feito pelo jornal A Cidade junto a todos os hospitais públicos, referenciados para o atendimento de pacientes com Covid-19, na área de abrangência da DRS XV, revela que a região está próxima do temido colapso na saúde. A Santa Casa de Votuporanga já trabalha com lotação máxima desde terça-feira (21), o que obriga a transferência de novos pacientes para outros hospitais. O problema é que na região já quase não há mais vagas.
De acordo com os números oficiais da Secretaria Estadual de Saúde, a taxa geral de ocupação dos leitos para coronavírus na região é de 77,9% na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e de 52,4% na enfermaria. Os números são referentes aos atendimentos no HB e Santa Casa, de Rio Preto, Hospital Emílio Carlos (Padre Albino), em Catanduva, Hospital Nossa Senhora Mãe da Divina Providência (Frei de Jaci) e Santas Casas de Votuporanga, Fernandópolis, Jales e Santa Fé do Sul.
Com exceção de Jales e Jaci (que inaugurou 10 leitos anteontem), todos os demais estão com mais de 80% de suas UTIs ocupadas, sendo que, além de Votuporanga, Santa Fé do Sul também já atingiu 100% de ocupação.
Os números mais preocupantes estão relacionados aos hospitais Rio Preto, maior cidade da região, e que também vem numa crescente de casos. Por lá, a Santa Casa, que é basicamente destinada a pacientes da cidade, já atingiu a taxa de 95% da capacidade da enfermaria e 88,88% (ambas chegaram a 100% no último fim de semana) e o Hospital de Base, que dá suporte para todas as cidades da região, bateu ontem a taxa de 89,74% da UTI e 41,79% na enfermaria.
Diante da gravidade dos números, o prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (MDB), fechou um convênio com o Hospital Nossa Senhora Mãe da Divina Providência, em Jaci. A Prefeitura de Rio Preto vai pagar valores da tabela SUS, enquanto o hospital cede infraestrutura e recursos humanos, para 20 leitos de UTI e 15 de enfermaria, exclusivo para pacientes residentes na cidade. O problema é que com a transferência dos pacientes rio-pretenses, a enfermaria já está com 100% e ocupação e a UTI, criada anteontem, chegou a 30%.
Sem destino
Foi para o HB, em Rio Preto, que Votuporanga enviou seus pacientes quando a Santa Casa atingiu ocupação máxima, pela primeira vez, no começo do mês de junho. Agora, já reforçado com oito novos leitos liberados pelo governo do estado, o hospital volta a encarar a mesma realidade, só que sem destino definido de encaminhamento dos novos casos.
Ontem, com a morte de dois pacientes que estavam na UTI, a taxa baixou para 88,88%, e a enfermaria, que chegou a ultrapassar mais de 50% de sua capacidade máxima, baixou para 88,2% com a alta de três pacientes.
“Diante do cenário preocupante, a Santa Casa precisará fazer a transferência para outros hospitais da região. Este processo é feito via Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (CROSS), que indica para qual instituição de saúde o paciente será encaminhado, sem a interferência da nossa equipe de gerenciamento de leitos”, disse a Santa Casa, em nota.
Critérios
O CROSS leva em consideração uma série de questões para o encaminhamento dos pacientes, porém, se analisarmos apenas a distância, a Santa Casa de Jales, que tem “apenas” 66% da UTI ocupada poderia ser a primeira opção. O problema é que só há mais duas vagas por lá.
Fernandópolis também está oscilando entre a ocupação máxima e a taxa de 80% há praticamente uma semana. Ontem, até o fechamento dessa edição, só havia uma vaga disponível.