Uma das promessas de campanha do Presidente Jair Bolsonaro foi colocada em prática na última quarta-feira (02). O governo extinguiu o Ministério da Cultura e colocou o setor em uma secretaria do recém-criado Ministério da Cidadania , que engloba ainda esporte e desenvolvimento social.
A Secretaria Especial de Cultura ficará sob a responsabilidade de Henrique Medeiros Pires, que atuava com o Ministro de Cidadania Osmar Terra no antigo Ministério de Desenvolvimento Social. No antigo Ministério da Cultura ele atuou no Conselho Nacional de Política Cultural. A Ancine, órgão de fomento a produção audiovisual nacional, também está sob a tutela do novo Ministério.
No meio cultural, a decisão dividiu a classe. “A cultura agregada ao esporte, ao desenvolvimento social, vai poder fazer muito por áreas sobre as quais já tínhamos projetos relacionados” aponta Kátia Bogéa, presidente do Iphan, presente na cerimônia de posse do cargo de Terra.
Também no local, a presidente da Fundação Biblioteca Nacional se disse satisfeita com a fusão e comentou que parte do acervo já está digitalizado. Para ela, essa junção facilitará o acesso dos estudantes da rede pública a esses livros.
O ator Odilon Wagner, que esteve no ar em “Segundo Sol” e é vice-presidente da Associação de Produtores Teatrais Independentes (APTI), chamou Henrique de Medeiros Pires de “Homem da cultura”. “O grande desafio do Henrique talvez seja o de traduzir para o novo governo, em várias áreas, como a da Fazenda, a importância que o campo da Cultura tem na economia e no social”, comentou.
A decisão, porém, não é unanime. No início de dezembro, antes da extinção da pasta, um grupo de artistas e representantes culturais estaduais se reuniram em uma carta aberta para pedir a permanência do Ministério. “A cultura é um direito fundamental e constitucional e é essencial a manutenção de estrutura adequada para a existência permanente e perene de órgãos próprios que possam gerir e executar políticas públicas”, dizia a carta que teve a secretária de Cultura de Pernambuco, Antonieta Trindade, como uma das signatárias.
Fernanda Montenegro também criticou a extinção do órgão no final de 2018, enquanto divulgava seu livro e chegou a dizer que o Ministério deve ser um só, o de cultura.
Ministério da Cultura em risco desde 2016
Esse não é o primeiro governo a aventar a extinção do MinC. Em 2016 o então Presidente Michel Temer chegou a anunciar o fim do Ministério, gerando grande comoção na classe artística . Dado Villa-Lobos, o diretor Cacá Diegues, Wagner Moura e a cineasta Anna Muylarte foram alguns nomes que criticaram a decisão.
Após grande comoção, a extinção foi revogada e o Ministério Da Cultura teve Sérgio Sá Leitão como Ministro até o fim de 2018. Sá leitão, inclusive, já asusmiu a Secretaria de Cultura de São Paulo.