sábado, 23 de novembro de 2024
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Com estiagem, SP, MG e RJ batem recorde de queimadas em outubro

Amazônia? Não. Sudeste, Centro-Oeste e parte do Sul é que estão em chamas. Ao final de um outubro seco, os Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro…

Amazônia? Não. Sudeste, Centro-Oeste e parte do Sul é que estão em chamas.

Ao final de um outubro seco, os Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro bateram recordes de queimadas para o mês.

Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, aliás, já ultrapassaram os totais anuais –faltando ainda dois meses para o fim de 2014– registrados desde 1998. São Paulo e Minas também deverão superar suas marcas históricas.

As 11.867 queimadas de Minas em 2014 se aproximam do recorde anual, 13.853, em 2007.

A prolongada estiagem na região, que resseca a vegetação, favorece a propagação do fogo. Muitos incêndios são acidentais, provocados por queima descuidada de resíduos vegetais e lixo.

Muitas queimadas, porém, são usadas para “limpar” pastos, preparar roças e facilitar a colheita manual da cana-de-açúcar. Outras, ainda, servem para abrir novas áreas para plantio ou preparar desmatamentos.

Minas Gerais é o caso mais sério. Até o último dia 31, o monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrara 4.735 focos de queima, 106% acima da média para outubro (2.299) e ultrapassando até o máximo para esse mês (4.424).

“Com mais dois meses para fechar o ano e a prolongada estiagem, novos recordes anuais poderão ser confirmados”, estima Alberto Setzer, responsável pelo monitoramento dos focos de queima no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

São Paulo tem números menores, mas não menos preocupantes. Foram 887 em outubro, 124 a mais que o máximo para o mesmo mês na série histórica (763).

É provável que a marca anual seja rompida no Estado, pois 2014 já acumulou em terras paulistas um total de 4.606 focos de calor. Faltam menos de mil eventos para superar o máximo anterior –5.459, de 1999, quando a queima de canaviais ainda predominava (hoje há um acordo para encerrar a prática em 2017).

Em seguida aparece o Estado do Rio de Janeiro, com 1.372 focos até o dia 23, ou 21% além da pior cifra já anotada (1.133, em 2011). O único Estado do Sudeste a passar raspando pela prova de fogo é o Espírito Santo, que só está ligeiramente acima das médias anual e mensal.

Dois Estados do Centro-Oeste sugerem preocupação: Goiás e Tocantins. Embora ainda estejam distantes dos números máximos já registrados, em outubro estouraram todas as marcas. Tocantins teve 4.000 focos, contra o máximo anterior de 3.680, e Goiás presenciou 1.947 queimas, contra o recorde de 1.831.

Os maiores números absolutos de queimadas em 2014, porém, pertencem a Mato Grosso (26.584), Pará (23.816) e Maranhão (19.469). Mato Grosso se destaca porque grande parte desses registros ocorreram mesmo sob um decreto estadual que proibiu o uso do fogo de 15 de julho a 30 de setembro.

O Brasil todo teve até 31 de outubro 156 mil focos, ou uma queima para cada 55 km² de território. A maioria desses casos se deu em contravenção às legislações ambientais federal, estadual e municipal.

Além disso, os dados do Inpe se referem só aos sensores de um satélite, o Aqua, referência para comparar o monitoramento ao longo dos anos. Na realidade, o total de casos de uso do fogo na vegetação é muito superior, talvez até dez vezes maior. Os milhões de reais em multas aplicadas pelo Ibama e secretarias estaduais surtiram pouco efeito.

Por 13 dias, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, na região de Petrópolis (RJ), teve mais de 5.000 hectares (50 km²) atingidos pelo fogo criminoso. Só arrefeceu com a chegada da chuva.

Dezenas de outras áreas de preservação no país também foram afetadas, como o Parque Estadual do Jalapão (TO),com ao menos 40% da área de cerrado queimada neste ano.

No final de outubro, uma nuvem de fumaça com cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados cobriu boa parte de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás. Sudeste, Sul e Centro-Oeste ardem.

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