Na urna
José Sabugari, conhecido com Zé Soldado, tem 90 anos e está na disputa por uma vaga na Câmara da cidade de Pontes Gestal (a 93 km de Rio Preto). Ele é um dos quatro candidatos no Estado de São Paulo com idade entre 90 a 94 anos, mais idosos na disputa.
Insatisfeito
Zé Soldado decidiu pleitear uma vaga no Legislativo pela insatisfação com a política local. “Eu entro como candidato para ver se faço alguma coisa. Sei que uma andorinha só não faz verão. Vou tentar pelo menos deixar um rastro da andorinha. Mesmo doente, quero ver se faço alguma coisa”, disse o candidato do PSL. Ele é cadeirante e tem problemas no coração e rins.
’Pouca vergonha’
Nascido em 1930 em Uchoa, também na região de Rio Preto, Zé Soldado está em Pontes Gestal desde 1966. Ao acompanhar a política em todas as esferas durante anos, ele se diz decepcionado. “É um tal de compra de voto, uma pouca vergonha. Eles (eleitores) não percebem que fazem mal pra eles mesmos. Povo não enxerga, continua na mesma. Vereador era para ser um trabalho de graça, espontâneo, trabalhar com fé para ajudar o município”, disse.
Passado
Zé Soldado lembra com alegria dos bons tempos de Pontes Gestal, segundo ele. Hoje, no entanto, a decepção o faz pensar até em deixar a cidade. “Me sinto desgostoso até de morar aqui. Juro por Deus, que se Deus me ajudar, quero morrer fora daqui. Era muito bom aqui, mas…”.
Presidentes
Ao falar sobre política nacional, Zé Soldado escolhe três ex-presidentes da República como homens sérios. Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros. “Hoje não, se quer falar com presidente ou deputado, nem resposta tem. Melhor falar com Deus do que com esse povo. Hoje todo mundo é tratado igual cachorro, não pode falar nada”, disse. O atual presidente, Jair Bolsonaro, é classificado por Zé Soldado como “um presidente bom”, mas o problema, segundo ele, está no Poder Legislativo. “Quantos deputados, senadores existem e não fazem nada. Ninguém faz nada. Não fazem nada por ninguém”, afirmou.
