A insatisfação dos empresários brasileiros com a situação financeira e com as margens de lucro é recorde, de acordo com a Sondagem Industrial, divulgada hoje (20) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Enquanto o índice de satisfação financeira ficou em 37,9 pontos, o de satisfação com a margem de lucro acusou 32,7 pontos nos primeiros três meses de 2016. Os indicadores variam de zero a 100. Valores abaixo de 50 pontos sinalizam insatisfação com a situação financeira e com a margem de lucro.
O acesso ao crédito também está mais difícil. O indicador assinalou 29,1 pontos no primeiro trimestre, o menor desde o início da série histórica, iniciada em 2007. Quanto mais abaixo de 50 pontos, maior é a dificuldade de as empresas acessarem o crédito.
Embora a elevada carga tributária, com 45,1% das manifestações, e a demanda interna insuficiente, assinalada por 42,4% dos empresários, continuem no topo da lista, as taxas de juros elevadas e a inadimplência dos clientes cresceram de importância entre os obstáculos encarados pelas indústrias.
Juros em alta
As taxas de juros, que subiram da terceira para a quarta colocação entre os principais problemas, cresceram de 23,5% no último trimestre de 2015 para 26,9% das manifestações no primeiro trimestre. Já a inadimplência dos clientes passou de 21,2% para 24,9% das respostas no período.
Na quinta posição entre os obstáculos, está a falta ou alto custo da matéria-prima, indicada por 23,6% dos industriais. A falta de capital de giro, que estava na oitava colocação no último trimestre de 2015, subiu para a sexta nos primeiros três meses de 2016, com 21% das indicações.
Atividade industrial
Segundo a CNI, embora seja comum o aumento da atividade industrial em março na comparação com fevereiro, neste ano a produção caiu no período. O indicador de evolução da produção ficou em 47,2 pontos em março. Valores abaixo dos 50 pontos sinalizam queda na atividade.
A utilização da capacidade instalada (UCI) voltou a crescer após três meses no piso da série histórica. O aumento em março foi de 2 pontos percentuais e alcançou 64%. No entanto, o índice de UCI usual para o mês, que aumentou 1,4 ponto frente a fevereiro e registrou 35,1 pontos em março, continua abaixo dos 50 pontos, indicando UCI abaixo do usual.
A redução dos estoques continua pelo quinto mês consecutivo e, com isso, a indústria permaneceu com estoques baixos, dentro do planejado pelas empresas. O índice de evolução dos estoques foi de 48,9 pontos em março e o indicador de estoque efetivo em relação ao planejado registrou 49,3 pontos, próximos da linha dos 50 pontos.