domingo, 24 de novembro de 2024
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Cliente é identificado como preto em comanda de restaurante

Um homem foi identificado como “preto” na comanda de um restaurante onde estava com os amigos, no dia 5 de abril (5). O caso foi no estabelecimento “Fogo de Chão”,…

Um homem foi identificado como “preto” na comanda de um restaurante onde estava com os amigos, no dia 5 de abril (5). O caso foi no estabelecimento “Fogo de Chão”, na Asa Sul, em Brasília.

Gilberto Martins, de 46 anos, conta que, ao questionar o funcionário que trouxe a comanda, recebeu como justificativa que seria por conta da cor de sua camiseta que, na verdade, era cinza, e não preta. O boletim de ocorrência foi registrado como injúria racial (veja detalhes mais abaixo).

Em nota, o restaurante pediu desculpas pelo que aconteceu com o cliente e reforçou que a história do estabelecimento “é pautada pelo fomento da diversidade, respeito aos direitos humanos e incentivo ao desenvolvimento das pessoas”.

A rede informou ainda que não compactua com nenhuma forma de discriminação e que já tomou medidas internas cabíveis, como o reforço do programa de treinamento dos colaboradores.

Nos quatro primeiros meses de 2023, o Distrito Federal registrou 128 casos de injúria racial. Dados obtidos pela TV Globo por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) mostram que o Plano Piloto é a região administrativa com mais casos: 99 em 2022 e 16 até março deste ano.

Ceilândia aparece em 2° lugar, com 69 casos em 2022 e, até o mês passado, 14 casos.

O Plano Piloto também é a região com maior número de ocorrências de racismo: foram 18 nos últimos 4 anos. Taguatinga aparece em 2º lugar, com sete casos. Os números são da Polícia Civil do DF.

Ainda segundo o levantamento, os casos de injúria saltaram de 597 em 2021, para 645 em 2022. Os crimes de racismo também aumentaram de três, em 2019, para 24 em 2022.

“Pensei nos meus filhos”
Ao ser identificado como “preto” na comanda do restaurante, Gilberto diz que falou para o garçom que, na comanda dos amigos, ninguém estava sendo identificado pela cor de roupa.

“Embora fosse escura [a camiseta], até acredito que a pessoa poderia confundir. Não estou dizendo que isso não seria possível, mas o comportamento dele foi muito estranho, ele estava muito nervoso quando eu perguntei”, conta Gilberto.

Ele diz que entrou em contato com o restaurante, mas que o estabelecimento afirmou que “não foi ninguém da equipe que escreveu na comanda” porque “não usavam caneta de tinta azul”. Gilberto lembra que, ao deixar o estabelecimento, se sentiu “triste e angustiado”.

“Comecei a pensar nos meus filhos, porque eu tenho um casal de filhos, negros. Eu pensando, será que os meus filhos vão ter que passar por isso, sabe? Foi uma dor ruim para mim, imagine um filho”, diz Gilberto.

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