domingo, 24 de novembro de 2024
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Cientistas investigam possível relação entre guaxinins e Covid

Material genético coletado no mercado chinês próximo ao local onde os primeiros casos de Covid-19 foram identificados mostraram o DNA de uma espécie de guaxinim (um canídeo originário do Japão,…

Material genético coletado no mercado chinês próximo ao local onde os primeiros casos de Covid-19 foram identificados mostraram o DNA de uma espécie de guaxinim (um canídeo originário do Japão, chamado cão-guaxinim) misturado com o vírus.

Cientistas agora investigam a possibilidade de haver relação entre o achado e a origem da pandemia. O centro chinês de controle de doenças colocou recentemente os dados genéticos que ligam o coronavírus ao cão-guaxinim no maior banco de dados público de vírus do mundo, mas removeu logo em seguida.

No entanto, um biólogo francês descobriu as informações por acaso e as compartilhou com um grupo que está investigando as origens do coronavírus.

O cão-guaxinim é criado por causa de seu pelo e a carne é vendida em mercados por toda a China. A amostra ainda será analisada por outros especialistas, que precisam comparar as sequências genéticas para ver qual veio primeiro.

“Esses dados não fornecem uma resposta definitiva sobre como a pandemia começou, mas todos os são importantes para nos aproximar dessa resposta”, disse o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, nesta sexta-feira (17).

Tedros também criticou a China por não compartilhar as informações genéticas mais cedo, afirmando que “esse dado poderia e deveria ter sido compartilhado três anos atrás”.

Tedros disse que as sequências genéticas foram recentemente colocadas no maior banco de dados público de vírus do mundo por cientistas do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças. No entanto, logo foram removidas, mas não antes de um biólogo francês descobrir as informações por acaso e compartilhá-las com um grupo de cientistas fora da China que está investigando as origens do coronavírus.

“Há uma boa chance de que os animais que depositaram o DNA também tenham depositado o vírus”, disse Stephen Goldstein, virologista da Universidade de Utah que participou da análise dos dados.

Descobertas não são definitivas
Também é possível que os humanos tenham levado o vírus ao mercado e infectado os cães-guaxinim, ou que os humanos infectados simplesmente tenham deixado vestígios do vírus perto dos animais.

As amostras foram coletadas de superfícies de uma barraca que comerciava animais selvagens no mercado de Huanan no início de 2020, onde os primeiros casos humanos de Covid-19 foram encontrados no final de 2019.

Ray Yip, epidemiologista e membro fundador do escritório dos Centros de Controle de Doenças dos EUA na China, disse que as descobertas são significativas, embora não sejam definitivas.

“Os dados de amostragem ambiental do mercado publicados pelo CDC da China são de longe a evidência mais forte para apoiar a origem animal”, disse Yip à agência Associated Press em um e-mail. Ele não estava conectado à nova análise.

A líder técnica de Covid-19 da OMS, Maria Van Kerkhove, alertou que a análise não encontrou o vírus em nenhum animal nem encontrou evidência concreta de que animais infectaram humanos.

“O que isso fornece são pistas para nos ajudar a entender o que pode ter acontecido”, disse Van Kerkhove.

O código genético do coronavírus é bastante semelhante ao do coronavírus advindo do morcego, e muitos cientistas suspeitam que ele saltou para os humanos diretamente de um morcego ou por meio de um animal intermediário como pangolins, furões ou cães-guaxinim.

Para se ter uma ideia da dimensão deste trabalho, especialistas em vírus levaram mais de doze anos para identificar a origem animal do SARS, um vírus relacionado.

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