A cana-de açúcar está entre as 17 das 29 principais safras agrícolas paulistas que terão aumento de produtividade em 2023 em relação ao ano passado, segundo a mais recente previsão do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo (IEA), órgão do Governo do Estado.
A previsão para a safra até o final deste ano é de 417 milhões de toneladas.
São José do Rio Preto, Votuporanga, Barretos, Lins, Jaú, Jaboticabal, Araraquara, Limeira e Ribeirão Preto são as cidades que mais produzem cana-de-açúcar em todo o Estado de São Paulo, que lidera a produção sucroalcooleira no Brasil, que é o maior produtor mundial.
O cultivo da planta gera mais de 55 mil empregos formais no território paulista, segundo dados do Novo Caged. A fabricação e o refino de açúcar empregam outras 130 mil pessoas, com carteira assinada, além de mais de 43 mil na fabricação de álcool.
Com mais tecnologia e pesquisas de ponta, o agronegócio estadual está produzindo mais por hectare cultivado, o que também proporciona redução de custos no campo.
Nos sete primeiros meses de 2023, o setor esteve em primeiro lugar nas exportações do agro paulista, chegando a US$ 4,85 bilhões – o açúcar representou 87% do total. O crescimento foi de US$ 1,07 bilhão em comparação ao mesmo período, quando as exportações alcançaram US$ 3,78 bilhões.
Cultura mais rentável no valor exportado pelo agro paulista, a cana tem acréscimo de 2,2% na produção até o momento na safra 2023/2024. Se no ano passado a média colhida foi de 76,8 toneladas de cana por hectare, a produção de cana em São Paulo agora alcança 78,5 toneladas na mesma área.
A melhora está intimamente ligada à estrutura logística, científica e tecnológica de São Paulo, aliada a um clima favorável, explica Mauro Xavier, diretor do Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC) da Secretaria de Agricultura e abastecimento da gestão estadual.
Ele destaca os principais fatores-chave para o sucesso da produção paulista. Um deles é a infraestrutura logística, com modais de transporte abundantes e variados que incluem o porto de Santos, principal polo exportador do açúcar no Brasil.
A presença de grandes polos abastecedores da indústria de processamento de cana nas regiões de Ribeirão Preto, Sertãozinho, Piracicaba e Araçatuba também é um aspecto a favor do agro paulista. São Paulo concentra 171 usinas sucroalcooleiras, quase a metade das 360 em funcionamento no Brasil.
São Paulo também possui importantes instituições de pesquisa e desenvolvimento tecnológico e científico associadas a grandes universidades, como USP, Unesp e Unicamp. A aplicação de tecnologia de ponta e a alta qualificação de mão de obra para o setor melhoram a qualidade da produção nas lavouras e também na agroindústria, elevando o valor agregado do agro em São Paulo.
O professor também destaca a atuação das associações e cooperativas privadas do setor, como a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), Coopersucar, União Nacional da Bioenergia e Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil. As instituições representam um grande número de produtores que abastecem as usinas de processamento.
Na safra atual, São Paulo também se beneficiou de uma boa temporada de chuvas com volume e distribuição, o que possibilitou o cultivo da cana-de-açúcar com menos irrigação mecanizada. “Poder fazer isso em áreas de sequeiro é uma contribuição natural do ambiente”, explica Xavier.
Segundo o professor, a topografia paulista permite a mecanização padronizada de processos agrícolas desde o preparo do solo até a colheita. Isso aumenta o rendimento da produção e também reduz impactos ambientais, uma vez que dispensa o processo de queima da cana para a colheita.