sábado, 23 de novembro de 2024
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Chuva aumenta e deve reduzir contas de luz, diz especialista

O setor elétrico brasileiro vive uma fase de muita tranquilidade em razão do momento hidrológico favorável, o que deverá levar ao desligamento de mais usinas termoelétricas levando em conta sempre…

O setor elétrico brasileiro vive uma fase de muita tranquilidade em razão do momento hidrológico favorável, o que deverá levar ao desligamento de mais usinas termoelétricas levando em conta sempre o menor custo da energia.

A informação foi dada hoje (22) pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, ao avaliar que o grande beneficiado com a decisão será o consumidor final, que deverá conviver este ano com aumentos da tarifa de energia elétrica abaixo da inflação, ou até mesmo sem qualquer aumento dependendo da região.

Tolmasquim, que participou da abertura da Semana Brasil-Reino Unido de Baixo Carbono, que está sendo realizada até amanhã (23) em um hotel em Copacabana, na zona sul da cidade, admitiu que a situação vivida hoje pelo país é muito diferente de alguns meses atrás em razão das chuvas que voltaram a cair em fevereiro e março.

“Hoje, a situação é de muita tranquilidade, muito diferente de antes, até porque houve uma conjunção de melhora do ponto de vista hidrológico conjugado com a redução do consumo. A gente hoje tem uma situação de excedente de energia no sistema”, disse.

Tolmasquim ressaltou que, do ponto de vista estrutural, em momento algum houve risco de desabastecimento, pois havia energia apesar de estar faltando água. “Agora chegou a água [voltou a chover] com intensidade e voltamos a ter superávit de energia a um custo menor para o consumidor. A tendência é irmos desligando as térmicas, e a linha de linha de corte para o fornecimento térmico (R$ 211 megawatts/hora – MW/hora) propicia a bandeira verde”, destacou.

Ele informou que o governo deve adotar, a partir de agora, o despacho [térmico] por ordem de mérito. “Ou seja, vamos eliminando gradativamente o despacho a partir das usinas mais caras. A linha de corte é R$ 211 por megawatss/hora. E agora vamos definir quais térmicas vamos desligar, sempre levando em conta o preço, onde as mais baratas serão despachadas primeiro”, explicou.

Ele anunciou, ainda, que a situação dos reservatórios é muito boa, acima de 50% no Sudeste e de 90% no Sul. “Tem ainda o problema do Nordeste onde os reservatórios estão abaixo do desejado, mas estamos mandando hídrica [energia] do Sudeste e do Norte para lá”.

Sobra de energia

Tolmasquim informou que o país convive hoje com um superávit estrutural – considerando a margem de risco de 5% no Sistema Interligado Nacional (SIN) – de cerca de 212 mil MW “que é muita coisa”.

“Hoje, a gente tem capacidade de gerar sem maiores dificuldades e os problemas da falta d`água estão resolvidos em decorrência do momento hidrológico favorável. Portanto, hoje os riscos [de falta de energia] são praticamente zero. Agora, o principal problema é equacionar o custo da energia para o consumidor final, porque já melhorou muito a situação com os desligamentos das térmicas mais caras. Então, o setor vai ter aumento de tarifa abaixo da inflação e alguns lugares nem aumentos terão. A perspectivas é de que tenhamos queda real de tarifa na média ao longo do ano”, previu.

Eólicas e linhas de transmissão

O presidente da EPE admitiu que o governo estuda a possibilidade de atrelar os leilões de energia de reserva a novas linhas de transmissão que venham a servir para escoar a energia que vier a ser gerada a partir dos novos empreendimentos.

“A ideia poderá já ser colocada em prática nos três leilões de reservas previstos para este ano. Os empreendimentos estariam de certa forma atrelados um no outro”, disse, sem detalhar a fórmula em estudo.

“Mas uma possibilidade seria de o empreendedor investir tanto na usina como na linha de transmissão, ou procurar um sócio que divida o empreendimento. Temos planejamento de linhas, então, faríamos sublotes de forma a permitir que o empreendedor possa ter atrelado em um mesmo empreendimento a transmissão e a geração”.

Semana Brasil-Reino Unido

A solenidade de abertura da Semana Brasil-Reino Unido de Baixo Carbono contou, ainda, com a presença da ministra adjunta de Energia e Mudanças Climáticas do Reino Unido, Andrea Leadsom.

O evento está sendo realizado pela missão diplomática britânica no Brasil e nele serão divulgados resultados do portfólio de projetos em energia financiados pelo Brazil Prosperity Fund. A semana reúne especialistas internacionais em seis painéis com os temas smart grid, pegada de carbono, energia hidrocinética, energia nuclear e eficiência energética para indústria e infraestrutura.

Segundo os organizadores, o sucesso da parceria entre o Reino Unido e o Brasil no setor de energia se deve a um envolvimento integral que vai além das conhecidas parcerias comerciais. “Projetos que visam o compartilhamento de conhecimento têm cada vez mais espaço, potencializados pelo memorando de entendimento para a cooperação no setor de energia, assinado por ambos países em 2006”.

Em comunicado onde detalhava o encontro, a missão diplomática britânica disse que o embaixador do Reino Unido, Alex Ellis, celebrou o êxito dos projetos de cooperação no setor e afirma que a parceria aumentará nos próximos anos.

“Desde 2009, tivemos mais de 20 projetos de cooperação técnica com instituições brasileiras, e estou seguro de que esta parceria aumentará consideravelmente nos próximos anos. Temos muito interesse em continuar trabalhando em conjunto com o Brasil no desenvolvimento do seu potencial em petróleo e gás e em seu rápido crescimento em energias renováveis”, disse ele.

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