sexta-feira, 18 de outubro de 2024
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China é destaque entre destinos das exportações de café do estado de SP

A China se destaca como principal destino das exportações do agronegócio paulista, com uma participação de 20% no total exportado pelo setor paulista, segundo levantamento do Instituto de Economia Agrícola…

A China se destaca como principal destino das exportações do agronegócio paulista, com uma participação de 20% no total exportado pelo setor paulista, segundo levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. O grupo café, tradicional no estado de São Paulo, é o sexto produto mais exportado, nas versões verde e solúvel. Nos nove primeiros meses do ano, as exportações de café para o país asiático cresceram 38,3% em comparação ao mesmo período do ano passado.

Tudo isso coincidiu com o ano em que a China se tornou líder mundial em número de cafeterias de marca, alcançando 49,6 mil lojas, segundo a consultoria britânica World Coffee Portal. Os chineses ultrapassaram ninguém menos que os EUA (42,8 mil lojas), criador da Starbucks, cafeteria com o maior número de franquias do planeta.

Por trás desse marco, há vários motivos. Um deles é a expansão acelerada da cafeteria chinesa Luckin Coffee. Fundada em Pequim, em 2017, a empresa cresceu expressivamente no último ano, ao saltar de 8 mil lojas no início de 2023, para 20 mil, em toda a China, conta Fernando Maximiliano, analista de mercado de café da StoneX.

A China, que há milênios inventou o chá, começou a “descobrir” o café apenas na última década. Mais recentemente, a bebida se tornou uma verdadeira tendência entre os jovens chineses. Até 2009, o consumo de café na China era modesto, com cerca de 300 mil sacas de 60 quilos por ano. Hoje, esse número saltou para 6 milhões de sacas, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). “Para os chineses, o café é uma novidade. A cultura cafeeira deles foi moldada nos últimos anos”, explica Boram um, barista brasileiro campeão mundial, que mantém parceria com uma cafeteria chinesa.

A mudança na China impactou o Brasil. Em 2023, as vendas nacionais do produto dispararam 275% no país asiático, em relação a 2022, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), que participa de novos acordos com o país. Essa alta catapultou a China da 20ª para a 6ª posição no ranking dos principais importadores de café do Brasil, que é o maior produtor e exportador mundial do grão.

Os exportadores brasileiros conseguiram aproveitar essa onda. “Hoje, 50% de todo o café que a Luckin Coffee compra é só do Brasil. O resto é dividido com outros países”, diz o diretor-geral da Cecafé, Marcos Matos. Até um dos embaixadores globais da marca chinesa é brasileiro: o próprio Boram Um, que também é um dos responsáveis por escolher os cafés que a Luckin compra, além de desenvolver novas bebidas para a empresa.

Apesar da proximidade com o café brasileiro, os chineses têm outras formas de consumo. Para eles, o grão é mais um ingrediente de bebidas misturadas com leite ou água de coco (que fazem muito sucesso entre os jovens) e até mesmo com suco de limão ou “moutai”, um tradicional licor chinês.

É bem diferente do brasileiro que se contenta com a apresentação solo do cafezinho na forma de um coado ou expresso. Mas nem isso é uma barreira para o grão nacional: até um museu sobre o café brasileiro será inaugurado em novembro, na cidade chinesa de Kunshan, conta o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Jorge Viana, que participa de negociações com o país parceiro.

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