Uma pesquisa realizada pelo Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso (MPT/MT) revelou que cerca de 30% dos caminhoneiros fazem uso freqüente de alguma substância ilícita, principalmente as anfetaminas, para se manter acordados e trabalhar por mais horas seguidas.
O problema do consumo de drogas entre eles foi debatido nesta quinta-feira em audiência pública na Câmara dos Deputados. Representantes dos trabalhadores, dos patrões, da agência reguladora do setor — a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) — e de procuradores federais apresentaram argumentos para elaboração de projetos de lei sobre o assunto.
Uma das propostas apresentadas foi a de restringir o tráfego de caminhões nas estradas das 22h às 5h. A idéia é obrigar que os motoristas tenham pelo menos um período de descanso. Paulo Douglas de Morais, procurador do MPT/MT, explicou que “o uso de drogas está intimamente ligado a uma jornada maior”.
A anfetamina consumida nas estradas brasileiras é conhecida popularmente como rebite. O custo médio da droga é de R$ 20. O médico Lamberto Mário Henry afirmou que “hoje, em quase todos os postos de gasolina, tem alguém para oferecer a droga, que causa euforia, insônia e energia num primeiro momento, mas depois gera depressão”.
Depois das anfetaminas, a droga mais consumida é a cocaína.
A pesquisa revelou também que 31% dos caminhoneiros trabalham mais que 16 horas por dia, o dobro do recomendado pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Essa realidade é maior entre os autônomos, que recebem por produção e, por isso, tendem a extrapolar ainda mais a jornada de trabalho. Eles respondem por 60% dos trabalhadores.