Delegado da Dise faz um retrato sobre os jovens usuários de droga; em Catanduva, 13 anos é a idade em que vício começa
13 anos. Esta é a idade em que os catanduvenses começam a usar drogas. Segundo aponta o delegado da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), Mário Antonio Bento, essas ‘crianças’ são incentivadas ao uso quando trabalham como ‘mulas’, ou seja, entregadores de entorpecentes a mando de traficantes.
“Os ‘mulas’, que são os jovens que levam a droga até determinado local e pegam o dinheiro do comprador, são explorados pelos traficantes maiores. Nesse convívio com o mundo das drogas, acabam cedendo e tornam-se usuários, principalmente de maconha”.
A dúvida que passa pela cabeça de muita gente é: Por que um menor trabalha como entregador de drogas? A resposta do delegado titular da Dise é curta e grossa. “O menor, quando abordado por policiais com o entorpecente, é detido e assume que a droga é sua, ou seja, não denuncia os traficantes. Resumindo: ele não põe em jogo o trabalho dos traficantes”.
Depois de ser abordado com a droga, o menor é recolhido e apresentado à Promotoria da Infância e Juventude. Em alguns casos, dependendo da quantidade de entorpecente envolvido e das passagens criminais do acusado, o jovem é liberado. Mas na grande parte dos casos, o menor é conduzido à Cadeia Pública local, e a Promotoria da Infância e Juventude decide quanto tempo o infrator vai ficar detido, algo que varia de 30 a 45 dias. “O Estatuto da Criança e Adolescente é bem rigoroso. Exige-se que o jovem fique em cela separada dos demais encarcerados. Em Catanduva temos vários casos de menores detidos por porte de droga e associação ao tráfico”, relata Bento.
Primeiro passo
O primeiro passo para entrar no mundo das drogas é iniciar-se em uma droga ‘liberada’: o cigarro. “Os jovens começam a fumar cigarro, depois vão para a maconha. Isto ocorre em todo lugar, é uma realidade que não muda”.
70% dos viciados usam maconha
A maconha, por ser a droga mais barata, acaba entrando em muitos lares. De acordo com informações do delegado Bento, cerca de 70% dos usuários preferem maconha.
“Alguns têm receio de usar cocaína, pois sabem que, na maioria das vezes, a droga vem ‘batizada’, além de custar mais caro. Portanto preferem a maconha, mais barata e fácil de encontrar”, comentou.
Delegado dá dicas para evitar uso de drogas
O melhor modo de se evitar o contato com as drogas, relata o delegado da Dise, é saber escolher as amizades e desenvolver diálogo na família. “Os pais devem participar das reuniões escolares, para que acompanhem o dia-a-dia do filho. É necessário essa troca de informação entre pais, professores e diretores”.
Dois pontos primordiais que os pais devem adotar são verificar os pertences do filho no quarto e vigiar com quem está saindo. “É preciso ficar atento quanto aos amigos e quanto a mudanças de hábito. Usuários de droga tornam-se pessoas diferentes, o comportamento altera-se drasticamente e objetos ‘somem’ da casa”.