Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo aponta que o número de casos de Aids entre os jovens paulistas de 15 a 24 anos aumentou 21,5% nos últimos sete anos. Em 2013, foram registrados 722 novos casos, enquanto que em 2007 foram 594.
Nesta segunda-feira (1°) é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra a Aids em todo o mundo. A data foi criada após a Assembleia Mundial de Saúde, em outubro de 1987, com apoio da ONU (Organização das Nações Unidas), e serve para reforçar a solidariedade, a tolerância, a compaixão e a compreensão para com as pessoas infectadas pelo HIV.
A secretaria ainda informa que no mesmo período, o número total de novos casos no Estado caiu 20%: passando de 8.482 em 2007 para 6.830 no ano passado. Apesar disso, a doença ainda mata em média quatro pessoas por dia no Estado. Em 2013, a secretaria registrou 1.547 óbitos pela doença.
Para Ivone de Paula, gerente de prevenção do Programa Estadual DST/Aids, há várias hipóteses para o aumento de casos entre jovens. “Uma possibilidade seria a banalização da doença entre os jovens. Eles são imediatistas e não pensam em se preservar durante a relação sexual. Eles pensam que se contraírem o vírus eles poderão se tratar”.
Ivone destaca ainda que há resistência para divulgar a prevenção em escolas, mesmo com parceria com a secretaria. “Temos dificuldades em difundir as prevenções em escolas porque acham que estamos incentivando os jovens a fazer sexo. Se pudéssemos dialogar mais com o jovem, poderíamos evitar que esse crescimento da doença nesse faixa etária.”
O número de casos entre os idosos (60 anos ou mais) teve um pequeno aumento nesse período em São Paulo. De acordo com o boletim, foram registrados 319 casos em 2007 contra 322 novos em 2013.
Segundo o levantamento, houve redução de 31,5% no número de casos entre os heterossexuais: foram 2.578 casos em 2013 contra 3.762 em 2007. Já o número de casos entre homens que fazem sexo com outros homens houve aumento de 16,65%: passando de 1.328 (2007) para 1.549 (2013). Com relação a incidência em mulheres, em todas as faixas etárias houve redução no número de casos.
De acordo com Ivone, o aumento se deve porque os homens gays têm mais relação anal sem prevenção. Para tentar diminuir a incidência, o Programa Estadual DST/Aids coloca um trailer todos os domingos, das 16h às 20h, no largo do Arouche, região central da capital paulista. “É uma região de sociabilidade entre os gays bem conhecida em São Paulo. Lá disponibilizamos camisinhas, gel lubrificante, e fazemos exames médicos, além de informar e alertar as formas de contágio”, disse Paula.
Os dados fazem parte do Boletim Epidemiológico do CRT (Centro de Referência e Treinamento) DST/Aids, órgão ligado à secretaria, divulgados nesta segunda-feira (1°).
CAMPANHA
A secretaria pretende realizar a partir desta segunda até a próxima sexta-feira (5) cerca de 200 mil exames gratuitos para detecção do vírus HIV, causador da Aids e que pode ser sexualmente transmissível.
A campanha “Fique Sabendo”, promovida pela secretaria com o apoio do CRT (Centro de Referência e Treinamento) DST/Aids-SP e as secretarias municipais de Saúde, tem como objetivo incentivar o diagnóstico precoce do vírus.
Ao todo, 549 municípios do Estado aderiram à campanha, num total de mais de 3.300 unidades de saúde. Os resultados ficam prontos em cerca de 30 minutos. Já no primeiro dia serão disponibilizados 500 testes pelo CRT.
“O convite para a realização do teste é destinado principalmente à população sexualmente ativa. Nosso objetivo é alertar os paulistas para a importância do exame e descobrirem se são ou não portadoras do vírus do HIV. Se o diagnóstico for positivo, é importante dar início ao acompanhamento médico imediatamente”, disse Maria Clara Gianna, diretora do Programa Estadual DST/Aids.
NAS REDES SOCIAIS
O Instituto de Infectologia Emílio Ribas, unidade da Secretaria de Estado da Saúde, lançou no dia 19 de novembro, a campanha virtual “Desafio da Camisinha”.
Focada no público jovem, a campanha utiliza as redes sociais para chamar a atenção sobre a importância do uso do preservativo e pede para que a população faça selfies segurando um preservativo ou com mensagens de apoio à prevenção ao HIV. A iniciativa também prevê que, ao postar a foto, até cinco amigos sejam marcados em mídias como o Facebook e o Instagram, multiplicando a mensagem de prevenção.
“Nossas ações têm como objetivo alertar a população para as consequências que a infecção pelo vírus pode causar no organismo humano, mas principalmente orientar para o uso de preservativos e a prática do sexo seguro”, diz o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, David Uip.
Artistas como a atriz Deborah Secco, a apresentadora Adriane Galisteu e os cantores MC Gui e Fiuk participarão voluntariamente da campanha postando fotos em suas redes sociais. A campanha utilizará as hashtags #SPcontraAids, #UseCamisinha, #UsoCamisinha e #IS2Myself.
De acordo com a secretaria, o foco no público jovem se dá pelo crescimento dos índices de infectados pelo vírus do HIV na população entre 15 e 24 anos, que responde atualmente por 1 a cada 3 novos casos da doença no Brasil.