A acusação de estupro da modelo Najila Trindade contra o jogador Neymar veio à público há pouco mais de duas semanas. Desde a repercussão da denúncia, o caso já se tornou uma guerra de versões da mesma história, com inúmeros capítulos.
Além da troca de acusações entre a suposta vítima, advogados e até policiais, o vazamento de conteúdo do boletim de ocorrência e dos depoimentos tem esquentado o debate público sobre o suposto crime.
O caso Neymar está sob segredo de Justiça, por se tratar de uma investigação de crime sexual e a divulgação de conteúdos seja por forças policiais, advogados ou membros do judiciário é ilegal.
No entanto, não é incomum que o vazamento de informações sigilosas aconteça em casos de grande repercussão. Especialistas ouvidos pela Jovem Pan afirmam que os vazamentos podem prejudicar tanto o andamento do inquérito como o julgamento final do caso.
Para o especialista em segurança pública e professor da Fundação Getúlio Vargas, Rafael Alcadipani, a informalidade da cultura brasileira, somada uma fragilidade institucional, pode levar aos consequentes vazamentos.
“O que acontece no Brasil é que muitas vezes o sujeito na ponta da linha, não só o policial, pode ser alguém que trabalha no fórum ou o próprio advogado, eles sentem que conversar com a imprensa é importante”, explicou Rafael.
O advogado Ives Gandra destaca que as consequências podem chegar inclusive ao julgamento final. Gandra lembra que o juiz deve ser isento, mas afirma que a publicidade de uma investigação pode causar pressão.
“Se isso vai influenciar e sabe-se que o que está procurando é aquele resultado, o juiz vai ter uma repercussão decorrente da pressão, então a imprensa já condenou antes e não precisa mais de julgamento nenhum”, afirmou Gandra.
O advogado também afirma que mesmo que o processo acabe com um julgamento justo, muitas vezes o estrago na imagem dos envolvidos já foi feito.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou em nota que todas as circunstâncias estão sendo apuradas e, caso seja confirmada participação de policiais nos vazamentos, haverá responsabilização criminal e administrativa.