Aconteceu na tarde de ontem (4), no Fórum da Comarca de Cardoso, a audiência sobre o crime de maior comoção popular da história recente de Votuporanga, o latrocínio de Érica Diogo.
Em uma sala fechada, em que apenas a equipe de jornal A Cidade, entre a imprensa escrita da região, teve autorização para entrar, a esposa do réu prestou depoimento sobre o caso.
Wilson Aparecido Rodrigues não deu sua versão, porque a escolta de Taubaté a Cardoso não foi viabilizada a tempo.
A juíza responsável pelo caso vai encaminhar o processo para a Comarca onde ele está preso, para que seu depoimento possa ser tomado e, finalmente, a sentença, caso seja condenado, seja aplicada. Não há prazo para que isso aconteça.
A juíza Helen Komatsu começou os trabalhos por volta das 15h30. Duas testemunhas foram dispensadas, entre elas o filho de Wilson. A única pessoa que prestou depoimento foi a mulher do acusado, que contou detalhes sobre o que aconteceu no final de semana do dia 20 de dezembro de 2012.
A mulher, identificada por “Nilda”, contou à juíza que na época do crime, ela e Wilson estavam se desentendendo bastante, porque ele voltou a ingerir bebida alcoólica, mesmo fazendo uso de medicamentos controlados, devido à problemas psiquiátricos. Eles se separaram em Votuporanga no dia do rapto e assassinato de Érica e, no dia seguinte, Wilson chegou em casa e agiu normalmente.
“No sábado, eu não sabia de nada. Ele me chamou para dar uma volta de moto e, como não queria mais discutir, fui com ele. Passamos por vários pontos da cidade (Cardoso), até parar na ponte, onde ele disse que iria urinar. Achei estranho já que ele parou a moto de um lado da ponte e foi andando até a outra ponta, enquanto eu fiquei esperando na moto. Estranhei, mas não quis comentar, para não virar discussão, mas lembro dele olhando para o chão, como se estivesse procurando alguma coisa”, contou.
A mulher de Wilson disse também que, após a volta de moto, Wilson a chamou para mudar para Fernandópolis.
Suspeitas da família
As suspeitas da família começaram quando parentes de Wilson o reconheceram pelas imagens do sistema de segurança do supermercado onde Érica foi raptada, que foram amplamente divulgadas pelos meios de comunicação. O réu, segundo a esposa, foi questionado pelos filhos, mas teria negado a todos que era ele o homem flagrado pelas câmeras.
Porém, quando o telefone celular de Érica foi encontrado em Fernandópolis (segundo a polícia, ele foi com o carro de Érica até a cidade vizinha, após assassinar a vítima, onde se livrou do aparelho e da faca) e a notícia divulgada na imprensa, a mulher diz que desconfiou que fosse verdade.
“Depois de ser bastante questionado e ter negado, ele saiu de casa. À tarde, ficamos sabendo que ele foi preso”, disse a mulher em depoimento.
Segundo ela, Wilson não a agredia fisicamente, mas era agressivo verbalmente. “Ele não tinha o costume de andar com faca.”
Sentença
Agora, segundo o advogado de Wilson, o criminalista Juliano Borges, a juíza vai expedir a precatória do caso para o juiz da Comarca de Taubaté, com as informações do processo, e ele ficará encarregado de tomar o depoimento do réu.
Após Wilson Aparecido Rodrigues dar sua versão sobre os fatos, o processo voltará para Cardoso, para as considerações finais da acusação, para finalmente, ser avaliado pela juíza que poderá dar a sentença. Como envolve outra Comarca e o envio de documentos, o caso pode demorar meses para ter um desfecho.