As 577 famílias beneficiadas pelo Programa Minha Casa Minha Vida do Governo Federal com uma casa no Jardim São Francisco vivem um drama. Mesmo com as casas prontas, as chaves não foram entregues.
Segundo informações de funcionários da Construtora Geccon, responsável pela obra, a entrega das casas deverá ser feita pela Caixa, que fará uma vistoria antes de liberar os imóveis. Ainda faltam concluir as instalações dos hidrantes e a parte elétrica.
PRAZO
No dia 16 de abril deste ano, no salão social da Casa de Portugal, representantes da Caixa Federal fizeram o sorteio dos endereços dos mutuários.
A promessa era de que as chaves seriam entregues no prazo máximo de 60 dias. Tempo esgotado no segundo semestre do mês de junho.
Segundo informações, a parte elétrica do Jardim São Francisco só poderá ser concluída após o pagamento de uma taxa cobrada pela Elektro, o que já teria sido feito.
A partir daí, a companhia de eletricidade tem o prazo de até 60 dias para começar os serviços e mais 45 dias para concluir os trabalhos. Uma previsão que preocupa ainda mais os moradores.
O vereador Gustavo Pinato, na sessão ordinária do dia 18 de junho, solicitou, por meio de requerimento, a data da entrega das casas. A prefeitura ainda não respondeu ao vereador.
REALIDADE
Muitos moradores, ansiosos para tomar posse de suas casas, pagaram antecipadamente a taxa de registro imobiliário, no valor de R$ 401,57, que pode ser quitada até dois dias antes da ocupação.
Infelizmente, esses moradores não contavam com a demora na entrega das moradias, e muitos estão passando necessidades como falta de comida e atraso nos alugueis.
Esse é o caso de um senhor que preferiu não ser identificado. Ele, com receio de perder o imóvel, pagou a taxa de registro de imóveis no dia 6 de maio deste ano, baseado nas informações de que as casas seriam entregues em data anunciada.
O fato é que o aposentado recebe pouco mais de R$ 670 por mês, fora um empréstimo consignado que possui no banco. Com isso, recebe líquido mensalmente a quantia de R$474. Com o pagamento da taxa, ele ficou com pouco mais de R$70 no bolso para pagar aluguel, comida, água e luz. A partir daí, o aposentado começou a ter dificuldades para se sustentar e as contas começaram a acumular, como o pagamento do aluguel.
Esse é apenas um dos casos de pessoas que precisam se mudar com urgência para as casas do Jardim São Francisco. Um bairro que ainda não possui escola, unidade de saúde e nem asfalto nas vias de acesso.
Como as pessoas precisam de estrutura mínima para a sobrevivência, os novos moradores serão dependentes do Jardim Ipanema, um bairro que, sozinho, já não possui estrutura suficiente. Agora, com um adjacente desse porte, será ainda mais penalizado.
Recentemente, o CIDADÃO mostrou a dificuldade das crianças do Jardim Ipanema para frequentarem a escola. O bairro possui apenas um colégio municipal de ensino fundamental. Os que avançam para o ensino médio têm que pegar um ônibus e se deslocar para escola mais próxima, que fica a cerca de 5 km. Quando há algum problema no transporte, todos perdem aula ou encaram a caminhada.
Os moradores, comerciantes, funcionários e empresários também sofrem para entrar no bairro quando chove. Apesar de o bairro ter mais de 40 anos, a Marginal Litério Grecco, única via de acesso, ainda não é asfaltada. Quando chove, todos ficam praticamente ilhados. Os que se arriscam, acabam atolados na lama.
Em contato com a nova administração, esta afirmou que, a princípio, por conta da falta de planejamento, os moradores do São Francisco terão de buscar no bairro vizinho o auxilio necessário, mas que a melhor forma de atender aos anseios das famílias que ali habitarão