O casal investigado pelo assassinato de um jovem de 17 anos no ano de 2020, em Bady Bassitt (SP), contratou uma perícia particular para o caso. A defesa de Amanda Nunes Deco e Rogério Seron aponta falhas na investigação e diz que não há provas de que eles cometeram o crime.
A Gazeta teve acesso ao laudo pericial realizado pelo perito criminal aposentado, da superintendência da Polícia Técnico Científica do Estado de São Paulo, Antônio Carlos Maríngolo, que é formado pela Academia da Polícia Civil de São Paulo e pós graduado em Ciências Forenses e Perícia Criminal. O documento analisou imagens do investigado, Diego Augusto da Silva, que, segundo a acusação, estaria como passageiro da moto e que teria sido contratado por Amanda e Rogério, para cometer o assassinato.
Segundo o documento, foram realizadas medições da tatuagem, pescoço, ombro, braço, ante braço, mão, espessura do braço acima da tatuagem, espessura do pulso e outros, onde foram apontadas divergências.
“Após minuciosos exames nas imagens, o resultado foi conclusivo pela exclusão do averiguado “Diego Augusto da Silva”. As medidas visíveis foram analisadas e comparadas e denotou total divergência com o averiguado, onde o passageiro apontado é mais encorpado que o averiguado (Diego)”, concluiu o perito.
Já a perícia realizada pela Polícia Civil, segundo consta no processo, diz que, “apesar da boa qualidade das imagens, não fora possível visualizar detalhes da motocicleta, tais como: marca, modelo, placa e nem mesmo a sua cor. Também não fora possível observar detalhes dos dois indivíduos que ocupam a motocicleta, como: vestimentas, calçados, características e porte físico”.
Segundo as investigações, Diego estaria na garupa da moto junto com Helio Fernando Martins Gaetan, no dia do assassinato. A defesa de Helio afirma que “verificou-se verdadeira manipulação dos elementos de prova no sentido de incriminar, deliberadamente, o acusado” – afirmando que ele não esteve em Bady Bassitt no dia do crime.
“O que se vê, na verdade, com todo respeito, é que a Polícia Civil de Bady Bassitt, sabe-se lá por qual motivo, ocultou o conteúdo da quebra do sigilo telefônico do acusado com a clara intenção de homiziar dados de extrema relevância para a investigação, induzindo a erro o Poder Judiciário e o Ministério Público, quando, acintosamente, não revelou os dados das Estações Rádio Base – ERB referente a linha de uso e propriedade do acusado, cujas quais revelariam, precocemente, onde o acusado realmente estava no dia dos fatos, qual seja: na cidade de São José do Rio Preto (SP)”, diz.
Segundo as investigações da Polícia Civil, a moto estaria em Bady Bassitt às 18h03min17s, entretanto, a localização do celular de Helio estava em Rio Preto, conforme a imagem da torre de telefonia móvel.
“Neste terreno, a autoridade policial, que presidiu o feito, tendo ciência da qualidade e importância do elemento de prova que queria produzir (quebra do sigilo telefônico), uma vez que técnica, com toda certeza traria aos autos caso as informações apontasse a presença do acusado na cidade onde os fatos ocorreram, mas, contrariando todos os argumentos ardilosos lançados durante a investigação, recebeu os elementos essenciais que comprovaram, cabalmente, a inocência que acusado, desprezando, deliberadamente, informações cruciais prestadas pela operadora de telefonia móvel”, afirma a defesa.
Conforme a Gazeta já mostrou, Igor Silva Martins estava junto com o adolescente assassinado no dia do crime e acabou sobrevivendo. Atualmente ele está preso no Centro de Detenção Provisória de São José do Rio Preto (SP), por tráfico de drogas.
Diante dos fatos, após o crime, o Ministério Público pediu que a prisão preventiva fosse convertida em medidas cautelares menos drásticas, onde os quatro acusados estão soltos, desde então. O MP disse que a autoridade policial não apresentou as provas periciais necessárias para suportar, com mais robustez sua conclusão, as quais a Promotoria entendia como necessárias, ainda mais que era passível e possível de realização.
Em entrevista à Gazeta, Rogério Seron disse que acredita na justiça e que eles não possuem qualquer envolvimento com o crime. “Estão nos acusando de um crime que não cometemos e não possuem qualquer tipo de prova contra nós. Eu não conheço este rapaz (Igor) e não contratamos ninguém para matá-lo. Confiamos na justiça e esperamos que a polícia pague pelo erro que estão cometendo”, afirma.
Conforme a Gazeta mostrou ontem, Rogério e Amanda pediram autorização à justiça para realizar uma viagem para a Argentina, no mês que vem. “Todas as medidas cautelares que nos impuseram foram retiradas, no entanto que vamos viajar. Não somos bandidos e não estamos correndo de nada. Só esperamos que justiça seja feita”, finaliza Rogério.
Mais de três anos depois do crime, o processo continua em andamento e agora a defesa pede o arquivamento do caso e requer a instauração de Inquérito Policial pela Corregedoria da Polícia Civil para que seja apurada a conduta da autoridade policial durante as investigações.