Passar por uma casa toda decorada com personagens de filmes de terror te desperta medo ou curiosidade? Em Andradina (SP), a “Black House” chama atenção de quem passa pelo Jardim Alvorada, mas também tem afastado vizinhos e até prestadores de serviços.
O músico e artista plástico Heber Gonçalves Picarelli é o responsável por transformar a casa em uma espécie de museu do terror e do rock. Cerca de 20 esculturas enfeitam desde a entrada até o interior do prédio.
“Eu queria fazer um bar de rock, mas com a vizinhança não tem como, por conta da perturbação do sossego. Então é o museu do rock, para as pessoas que amam rock e terror conhecerem. Também quero ver se monto uma lojinha de roupa e acessórios nesse estilo, porque na região não tem”, explica Heber.
Ele sempre quis transformar a casa, mas a ideia saiu do papel durante a pandemia da Covid-19. Heber grafitou o portão, modificou a lixeira e não parou mais. Aos poucos, com cimento, ferro e pedra, ele fez todas as esculturas que enfeitam o local.
Depois de todas as mudanças, os vizinhos passaram a chamar o imóvel de “casa preta”, mas Heber optou pelo estrangeirismo e a batizou de “Black House”. Aos poucos, a casa-museu-do-rock-e-terror se tornou um ponto turístico, mas também motivo de medo para outras pessoas.
“Depois que a casa começou a criar vida, os lixeiros não fazem a coleta aqui, o carteiro não vem, as pessoas não passam na calçada, os entregadores de fast food param no meio da rua para eu pegar a comida. Por isso, eu estou colocando o lixo na lixeira no meu vizinho, quando faço pedidos na internet também coloco o endereço dele, senão, não recebo”, conta.
“Desde 2020 meu vizinho está tentando vender a casa e não consegue. O pessoal vem ver, olha para a minha casa, faz o sinal da cruz e desiste”, afirma.
Heber gerou polêmica ao transformar a casa, mas também por antigamente dormir dentro de um caixão. Um dia, colocou a peça na área, um vizinho viu e a história se espalhou pela cidade. Atualmente, ele prefere descansar em uma cama e o caixão acomoda uma escultura do personagem Drácula.
Apesar de polêmica, a casa se tornou um local para brincadeiras de Halloween e também até locação para videoclipe.
“No Halloween eu faço igual os americanos mesmo. As crianças vêm fantasiadas pedindo doces ou travessuras. Elas apertam o sino e eu levo os doces até elas. É bem legal. Pelo menos nesse dia elas não ficam com medo e não deixam de vir”, brinca Heber.
Há quem ache a decoração estranha, mas ele afirma que a transformação foi feita apenas porque gosta muito do estilo musical e do gênero de filme. Segundo Heber, outro objetivo é difundir a cultura do rock no interior de São Paulo, onde o destaque é o sertanejo.
“Eu falo para todo mundo que eu não fiz isso para me aparecer, mas sim porque eu gosto. É um ambiente para eu me sentir bem. Também criei o Instagram da casa para divulgar meu trabalho, porque eu faço todo tipo de escultura”, afirma.
“Eu fico feliz por levantar a bandeira do rock porque ele é muito julgado, como se fosse algo ruim, e eu estou mostrando que não é. Rock é só um estilo de música diferente, então eu tento quebrar esse tabu.”