domingo, 17 de novembro de 2024
Pesquisar
Close this search box.

Cartaz com “ranking” expõe intimidade sexual de estudantes

Um documento exposto na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da USP em Piracicaba (SP) revoltou um grupo de estudantes da instituição. O G1 conta que o…

Um documento exposto na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da USP em Piracicaba (SP) revoltou um grupo de estudantes da instituição. O G1 conta que o cartaz colocado no Centro de Vivência divulgava um ranking da vida sexual das alunas.

O material encontrava-se no pátio onde os universitários se reúnem, mas foi retirado após o início da reação. Estudantes manifestaram a revolta nos muros da unidade e também nas redes sociais.

O cartaz era dividido em colunas que atribuíam, com palavra de baixo calão e termos como “teta preta”, as supostas características das estudantes listadas pelos apelidos com que foram batizadas no campus, além do número de pessoas que teria mantido relações. Os “codinomes” são uma tradição na Esalq e muitos universitários os carregam após o curso. Um material preconceituoso e ofensivo, é o consideram alunos e professores.

Antonio Ribeiro de Almeida Junior, professor da Esalq, é pesquisador dos diferentes tipos de abusos nas universidades há 14 anos e teria relatado casos de violência à CPI dos Trotes no início do ano. Segundo ele, o ranking comprova a existência de uma cultura da discriminação no campus. “O cartaz tem caráter de assédio e conteúdo difamatório intencional”, disse.

Segundo o professor, materiais como esse já foram produzidos antes, mas nunca tinham sido expostos como aconteceu nesse caso. “Foi a primeira vez que colocaram em local público. Isso dá margem para que as pessoas, reconhecidas por seus codinomes, sejam discriminadas”, criticou. O cartaz também cita homossexuais, refere o professor.

Revolta

Élice Natalia Botelho , aluna da Esalq e integrante do Diretório Central dos Estudantes, de 22 anos, ficou revoltada com o conteúdo do cartaz e se posicionou sobre o abuso em uma rede social na internet.

Em trecho de texto de repúdio, ela afirma: “Percebi que os níveis de machismo, lgbtfobia e racismo da Esalq não param de piorar. (…) Pensei que a CPI de Violação de Direitos Humanos das Universidades Estaduais Paulistas tivesse alertado as pessoas, mas a prova [cartaz com o ranking] mostra que, na verdade, tem gente que está no caminho oposto”.

O G1 publicou que de acordo com a jovem, algumas meninas se juntaram e fizeram cartazes de repúdio ao material exposto no final de maio com os termos preconceituosos, mas os primeiros protestos também foram retirados do Centro de Vivência. “Foram arrancados por alguém que se incomodou e, após isso ter ocorrido, elas voltaram a fazer mais cartazes”, afirmou.

Esalq

A publicação cita que a instituição afirmou que soube do caso após ser questionada pela reportagem. Em nota, a assessoria da Esalq informou que “A direção do campus tomou ciência, por meio de informação do Portal G1, da existência de material que foi exposto no mural do Centro de Vivência e encaminhará o material para apreciação de uma comissão sindicante, cumprindo trâmite regular”.

Notícias relacionadas