O verde das camisas dos palmeirenses se confundiu com o verde do jaleco da ATE (Associação dos Trabalhadores do Estado) nesta quarta-feira (24), em Buenos Aires.
Os brasileiros, desde a manhã, apareciam nas ruas mais turísticas da cidade conversando uns com os outros e especulando sobre a partida das 21h45 contra o Boca Juniors (ARG), válida pela semifinal da Libertadores.
Quando estavam em mais de dez, começavam a cantar o “Palmeiras minha vida é você” ou entoar que “Libertadores [é] obsessão”.
Os locais não acharam estranho. Estão acostumados à cantoria no centro. Até porque durante todo o dia, centrais sindicais e movimentos sociais desfilaram pela região, tornando o trânsito ainda mais caótico.
Eles iam em direção ao Congresso Nacional para protestar contra o pacote de austeridade fiscal proposto pelo presidente da República, Mauricio Macri, com apoio do FMI.
As músicas da ATE, que marchou pela avenida Corrientes em direção ao Obelisco, principal marco de Buenos Aires, e depois para seguir ao Congresso, era roubada dos estádios de futebol, até com bumbos iguais aos das organizadas.
“Mauricio Macri la puta que te parió!”, cantavam em ritmo de carnaval.
Os palmeirenses na calçada se divertiam. Alguns deles estavam em Buenos Aires pela segunda vez neste ano para ver o time jogar contra o Boca Juniors. As duas equipes se enfrentaram pela fase de grupos e os brasileiros venceram por 2 a 0.
“É uma baita experiência, principalmente quando a gente ganha. Espero que aconteça hoje [quarta] de novo”, disse o engenheiro Ricardo Bottas, 28, que esteve na partida anterior e voltou para a semifinal.
Ele tem um privilégio que não é reservado aos argentinos. A torcida visitante está banida dos estádios por questão de segurança desde 2013. Dirigentes e torcedores contestam a medida, mas polícia e governo se mantêm irredutíveis. A partir de 2016 a decisão foi copiada pelo Ministério Público em São Paulo para os clássicos da capital.
Apesar de ser um torneio organizado pela Conmebol, há a possibilidade de uma eventual final entre Boca Juniors e River Plate contar apenas com torcida local.
A partir do meio da tarde, os palmeirenses começaram a se concentrar na avenida Alicia Moreau de Justo, na região de Puerto Madero. De lá vai sair a caravana de ônibus para La Bombonera, escoltada pela polícia.
É na mesma área em que está hospedada a delegação do Boca Juniors.
Enquanto os palmeirenses chegavam para a concentração em Puerto Madero, os jalecos verdes povoavam a praça do Congresso para protestar. Ambos usavam músicas de estádios de futebol. Mas com propósitos diferentes. Com informações da Folhapress.