domingo, 24 de novembro de 2024
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Candidato posta informação falsa sobre invasão a igreja e depois apaga

A postagem do candidato ao governo de Santa Catarina Jorginho Mello (PL) com uma informação falsa sobre uma manifestação em Joinville, no Norte do estado, foi apagada da rede social…

A postagem do candidato ao governo de Santa Catarina Jorginho Mello (PL) com uma informação falsa sobre uma manifestação em Joinville, no Norte do estado, foi apagada da rede social do político. A publicação afirmava que os participantes do ato invadiram uma igreja, o que foi negado pela Paróquia da Paz.

O post se referia a um grupo que se manifestava contra a demissão de uma professora universitária. Os manifestantes foram acusado por bolsonaristas de invadir uma igreja durante o ato, na noite de terça-feira (18). Segundo o movimento estudantil do Instituto de Ensino Luterano (Ielusc), o protesto ficou apenas na faculdade.

A assessoria do candidato explicou nesta quinta-feira (20) a situação ao g1.

“Recebemos esse vídeo, era um vídeo que mostrava um grande tumulto e fizemos a nossa manifestação. Apuramos [depois de publicar] e não era bem o que alardearam, e a gente entendeu por bem retirar, remover, excluir”. “Como foi constatado que não houve uma invasão, e, sim uma manifestação, a gente entendeu por bem que deveria remover”, afirmou a assessoria.

Na postagem, publicada na quarta (19), o candidato disse que “militantes da esquerda invadiram o Instituto de Ensino Luterano e o Templo Local em Joinville. Uma cena deplorável, de verdadeiro desrespeito a todos os cristãos e a todos os cidadãos de bem”.

Entenda o caso
As imagens mostram um grupo em frente à igreja e, em seguida, manifestantes aparecem acessando o prédio da unidade estudantil, onde sobem a escada. Conforme os estudantes, “não houve depredação do ambiente por parte dos manifestantes e em momento algum a igreja foi invadida ou se tornou alvo de quaisquer ataques”.

A manifestação ocorreu depois que uma professora universitária foi demitida por fazer uma publicação política nas redes sociais. Os estudantes reivindicaram a decisão de desligar a educadora da unidade em que atuou por 15 anos (leia mais abaixo).

Movimento nas redes sociais
Nas redes sociais, vídeos da manifestação são compartilhadas com legendas que atribuem aos manifestantes uma invasão na igreja. A informação foi desmentida pela Paróquia da Paz.

Segundo nota da igreja, divulgada na tarda de quarta-feira (19), “ao contrário do que vem sendo reportado, especialmente nas redes sociais, a paróquia informa que não houve invasão de nenhum espaço da Igreja da Paz, antes ou durante o ato estudantil, e que os sinos foram acionados como de costume, no ato da Oração do Pai Nosso” (veja a nota completa no final da reportagem).

A ação, segundo texto do movimento estudantil, se concentrou nos prédios da faculdade, como a construção amarela conhecida como Deutsche Schule. No final, de acordo com a nota, os manifestantes fizeram algumas falas no estacionamento (leia o texto completo no final da reportagem).

Demissão da professora
Maria Elisa Maximo havia se posicionado contra Bolsonaro no Twitter no dia 1º de outubro. Na publicação, escreveu que “Joinville continua sendo o esgoto do bolsonarismo, para onde escoou os resíduos finais da campanha do imbrochável inominável”.

No mesmo texto, dizia que “não tem quem escape: há gente brega, feia e fascista para todos os lados”. A publicação foi excluída.

Conforme a advogada Daniela Felix, que representa a professora, o anúncio da demissão aconteceu na terça-feira (18), após duas semanas de afastamento para tratamento de saúde.

“Sua postagem em seu twitter pessoal foi maliciosamente repercutida, transformando-a em alvo de ataques à sua honra e ao ódio de grupos políticos extremistas, especialmente da Cidade de Joinville”, escreveu, em nota (veja texto completo abaixo).

Em 4 de outubro, a instituição afirmou que o assunto era tratado “pelos órgãos superiores da Associação Mantenedora, formado por lideranças locais, pais e colaboradores do Bom Jesus Ielusc, para as corretas providências diante desse fato”.

Destacou ainda que um comunicado foi enviado a todos os professores, em agosto, orientando os funcionários a evitarem “que posicionamentos pessoais possam ser vinculados como sendo de nossa instituição educacional, sobretudo na sala de aula ou em mídias e grupos acessados por estudantes e/ou pais”.

O movimento estudantil, em nota divulgada na quarta (19), informou que promoveu a manifestação “a favor da liberdade de expressão”. No ato, segundo o grupo, estavam presentes aproximadamente 80 alunos e ativistas políticos, que carregavam cartazes pedido a proteção do “direito de opinião” durante cerca de uma hora.

O g1 SC tentou contato com a Faculdade Ielusc, mas não teve retorno até a última atualização da reportagem.

Nota da defesa da professora
A Profa Dra Maria Elisa Máximo foi demitida na tarde de ontem da Faculdade IELUSC, Joinville/SC, após 2 semanas de afastamento para tratamento de saúde, desde que sua postagem em seu twitter pessoal foi maliciosamente repercutida, transformando-a em alvo de ataques à sua honra e ao ódio de grupos políticos extremistas, especialmente da Cidade de Joinville/SC.

Enquanto Advogadas de Defesa, informamos que estamos tomando todas as medidas judiciais cabíveis nas esferas necessárias, para que os Autores e Autoras destas perseguições sejam responsabilizados nos termos das legislações vigentes.

Sobre a rescisão do contrato de trabalho anunciada ontem, consideramos LAMENTÁVEL o posicionamento da Faculdade, que coloca fim a um trabalho seríssimo e comprometido de docência, pesquisa e extensão de mais de 15 anos, que prejudica não só a Professora, mas todos os demais Docentes e Discentes envolvidos nos projetos por ela Coordenados.

Por oportuno, agradecemos todos os apoios e manifestações despendidas à Maria Elisa Máximo, especialmente às suas Alunas, Alunes e Alunos, que tão logo souberam do fato, no contexto das Manifestações Nacionais dos Estudantes, realizaram um ATO PACÍFICO E ORDEIRO na Defesa da Democracia, do Ensino de qualidade, contra a Censura e em repúdio à Demissão injustificada da Professora.

Nota do movimento estudantil
Durante a noite desta terça-feira (18), o movimento estudantil promoveu uma manifestação a favor da liberdade de expressão, em frente a faculdade IELUSC. No ato, estavam presentes, aproximadamente, 80 alunos e ativistas políticos. Eles carregavam cartazes pedindo a proteção do direito de opinião e cantavam coros protestando contra o atual presidente.

O ato ocorreu após a demissão de uma professora da instituição, que foi atacada por conta de um post que fez em suas redes sociais privadas, mostrando seu posicionamento político. Alguns pais de alunos do colégio Bom Jesus, vereadores, e até mesmo pessoas não envolvidas com a faculdade, se sentiram atacadas pela professora e pressionaram a instituição para que a demissão ocorresse, como forma de silenciar a colaboradora.

Os alunos, descontentes com a decisão e posicionamento do IELUSC, fizeram um protesto defendendo a liberdade de expressão. A instituição, bem como os prédios da faculdade, inclusive o prédio amarelo Deutsche Schule, foram ocupados. Ao final, os manifestantes fizeram algumas falas no estacionamento. O ato, como um todo, durou cerca de uma hora.

Não houve depredação do ambiente por parte dos manifestantes e em momento algum a igreja foi invadida ou se tornou alvo de quaisquer ataques. O movimento foi apenas e especificamente para demonstrar insatisfação com a instituição quanto à demissão e ao seu posicionamento neutro, sem nenhum tipo de blindagem aos seus colaboradores.

Não é a primeira vez que um episódio como este acontece. Há alguns anos que professores, que não se posicionam de acordo com o que a instituição prega, são demitidos.

Nota da Igreja
A Paróquia da Paz, parte da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Joinville – União Paroquial (CEJ-UP), vem por meio desta esclarecer fatos relacionados à manifestação ocorrida na noite desta terça-feira, dia 18, na Faculdade lelusc. Ao contrário do que vem sendo reportado, especialmente nas redes sociais, a paróquia informa que não houve invasão de nenhum espaço da Igreja da Paz, antes ou durante o ato estudantil e que os sinos foram acionados como de costume, no ato da Oração do Pai Nosso. A Igreja da Paz compartilha a área com a instituição de ensino, o que gerou incômodo durante o culto em andamento, em razão do barulho e na saída dos participantes.

Na esperança de ter esclarecido os fatos, nos colocamos à disposição em caso de dúvidas. Bençãos de Deus.

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