sábado, 23 de novembro de 2024
Pesquisar
Close this search box.

Campeã de muay thai volta às origens na costura de máscaras

As mãos de Inaléia Ferreira estão em plena atividade, só que, desta vez, não é nos ringues de muay thai, onde, há um ano, sagrou-se campeã mundial na Tailândia, país…

As mãos de Inaléia Ferreira estão em plena atividade, só que, desta vez, não é nos ringues de muay thai, onde, há um ano, sagrou-se campeã mundial na Tailândia, país que criou a modalidade. Em meio à pandemia do novo coronavírus (covid-19) que parou o esporte ao redor do mundo, a lutadora começou a produzir máscaras de pano para doação e prevenção à doença em Cuiabá.

“Doamos para a nossa comunidade. Agora, elas vão para os idosos e o pessoal da linha de frente da saúde do pronto socorro”, explica a campeã mundial à Agência Brasil.

O “doamos” é porque Inaléia não está sozinha. Duas mulheres de um projeto social que realiza em seu centro de treinamento, no bairro Três Poderes, na capital mato-grossense, ajudam a produzir as máscaras. O projeto, que começou no ano passado, tem aulas gratuitas de muay thai para crianças carentes da comunidade, de cinco a 14 anos, e de costura para as mães.

Sentar à máquina de costura não é novidade ou dificuldade para Inaléia. “Sempre foi uma paixão. Quando era criança, cortava os lençóis da minha mãe e costurava tudo à mão, bem feitinho. Aprendi na raça”, recorda a lutadora, que em 2010 abriu a própria fábrica de roupas, no local onde atualmente é seu centro de treinamento.

O muay thai surgiu cinco anos depois, pouco antes de um acidente automobilístico. O que iniciou apenas para emagrecimento (ela perdeu 35 quilos em oito meses de treino) conquistou o coração da costureira, que começou a competir. “Sempre gostei de esporte de contato, como boxe. Assistia muito ao Mike Tyson com meu pai. Mas, meu esposo não aceitou essa competição e me expulsou de casa”, conta.

Inaléia passou a morar na fábrica. Porém, manter o negócio de forma paralela à carreira nos ringues ficou difícil financeiramente, e no ano passado ela precisou fechar a empresa. No mesmo local, criou o centro de treinamento do projeto que atende a criançada e às mães: “Meu sonho era ajudar não só as crianças, mas o lar. Como tinha conhecimento de costura e modelagem, comecei a treinar essas mães, que, na maioria dos casos, não têm como trabalhar fora e cuidar dos filhos”.

Em meio à pandemia de coronavírus, veio a ideia de utilizar o material que sobrou da fábrica, como elásticos e tecidos, para produzir máscaras. “Tem mãe que não sabia nem ligar a máquina e hoje já sabe fabricar as máscaras”, destaca a lutadora, que vem mantendo contato com as crianças do projeto pela internet. “Eles mandam fotos fazendo pose, dizem que estão com saudade [risos]”, conta a atleta de 40 anos.

De forma paralela à confecção, Inaléia treina de olho no segundo semestre, já que os torneios da primeira metade do ano (inclusive o Mundial) foram cancelados. “Estou com as atividades de resistência e técnica em dia”, garante a lutadora, que tem previstas, por enquanto, três lutas até o fim do ano.

Notícias relacionadas