Protagonizada pelo ator Márcio Garcia, uma campanha está espalhando mentiras sobre a produção de leite no Brasil. Organizada pela Mercy For Animals, a peça trata o setor leiteiro nacional como um grande causador de maus tratos a vacas e bezerros.
Contrariando o vídeo, garantir o bem-estar animal é uma prerrogativa para a produção brasileira. Essa exigência é determinada pelo Ministério da Agricultura (Mapa). Além disso, o gado maltratado perde produtividade e se torna inviável.
“Os animais são criados nas melhores condições”, afirmou Ronei Volpi, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. “Seja no modelo extensivo ou intensivo, o bem-estar é preconizado ao extremo. Existe um protocolo muito controlado e elaborado na nutrição, na sanidade e em qualquer prática de manejo.”
O Mapa estabeleceu, por exemplo, a instrução normativa número 77 de novembro de 2018. Esse regramento estabelece que os produtores de leite têm de ter um plano de qualificação com a adoção de boas práticas. Entre elas, medidas para o bem-estar animal. Sem isso, eles não se qualificam para vender aos laticínios.
Maus tratos derrubam a produção de leite
Um animal que sofre maus tratos é menos produtivo. Dependendo do nível do estresse, a vaca pode até mesmo parar de gerar leite.
André Novo, pesquisador da Embrapa, explica que uma vaca sem as condições adequadas de nutrição e conforto tem perdas e se torna inviável para o produtor. A fórmula é manter o animal nutrido, hidratado e com sombra. “Quem não cuida do animal da forma correta compromete a própria produção e o negócio não prospera”, disse.
Mesmo a aplicação de técnicas como a de separar as vacas das crias visam garantir as melhores condições para o animal. “A divisão ocorre nas grandes produções para o trabalho ficar mais preciso e adequado”, explicou.
Segundo o pesquisador, a produção comercial representa entre 80 e 90% de todo o leite disponível no Brasil. Atualmente, o volume está em cerca de 30 bilhões de litros por ano.
Dentro desse mercado, grandes empresas figuram como compradoras do produto para servir de matéria-prima. Os gigantes Danone e Nestlé, por exemplo, estabelecem controles rígidos ligados ao bem-estar animal — e os exibem como indispensáveis.