Já são dois
O empresário Milton Costantino da Silva, preso nesta segunda-feira (23) na Operação Enterprise – veja reportagem exclusiva do DLNews aqui -, é o segundo homenageado pela Câmara de Rio Preto em menos de 4 meses a ser alvo Polícia Federal. Em 6 de agosto, o advogado Rodrigo Sérgio Dias, que também recebeu honraria do Legislativo, foi detido na Operação Dardanários.
Comendador
Por iniciativa do ex-vereador Oscarzinho Pimentel (PSL), em 2012 foi aprovada na Câmara a concessão da Medalha do Brasão e o diploma de Comendador da Ordem Municipal do Brasão a Milton Costantino. Segundo a homenagem, o empresário fazia jus ao título “pelos relevantes serviços prestados para a geração de energia elétrica” e foi descrito como “um empresário ainda jovem e que já contribui para o fortalecimento do nome de nossa cidade no Brasil e no exterior”.
Cidadão honorário
Já Rodrigo Sérgio Dias recebeu em 2018 o título de Cidadão Honorário Rio-pretense, a maior honraria que pode ser concedida a alguém nascido fora de Rio Preto. A homenagem na Câmara, que contou com a presença do então recém-eleito deputado federal Geninho Zuliani (DEM), partiu do vereador Fábio Marcondes (PL).
Tráfico e propina
Os supostos crimes cometidos por Costantino e Dias são diferentes. O empresário foi preso nesta segunda (23) dentro de uma operação contra o tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. Já o advogado, que foi solto após pagar fiança em agosto e acabou denunciado pelo Ministério Público, é acusado de receber R$ 250 mil de propina enquanto era presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Câmara, não
Para o presidente da Câmara de Rio Preto, Paulo Pauléra (PP), a prisão de dois homenageados é uma situação “difícil de opinar”. “A responsabilidade é do autor, as homenagens são aprovadas por 100% (dos vereadores) em sessão secreta”, afirmou Pauléra. Sobre o fato de as prisões respingarem na imagem da Câmara, o presidente disse não acreditar nesta hipótese. “Faça um levantamento de quantas pessoas foram homenageadas nos últimos dez anos. Ela pode ter uma vida ilibada até então, mas de repente comete um homicídio e acaba virando um assassino. Isso pode acontecer. Como a Câmara vai responder por isso?”, afirmou.
E o Lula?
Pauléra ainda usou de exemplo o ex-presidente Lula, que chegou a ser preso pelo caso do tríplex. “O Lula recebeu homenagens da ONU, de vários lugares e foi até recepcionado pelo Obama (Barack, ex-presidente dos EUA), que disse que ele era ’o cara’. Depois o Lula foi preso. O Obama tem culpa?”, indaga o vereador.
