Um calouro universitário ficou internado durante quatro horas em coma alcoólico após beber cachaça durante um trote em Ribeirão Preto, na segunda-feira (5). Ele disse que foi obrigado a ingerir a bebida pelos veteranos.
Frederico Além Alves, de 18 anos, é aluno do primeiro ano do curso de administração da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp ). Segundo ele, os veteranos obrigaram todos os calouros a saírem do campus. “Eles levaram os alunos à Avenida Nove de Julho e, durante o trote, começaram a jogar tinta e cortaram os cabelos dos estudantes. Eles também nos obrigaram a beber pinga”, disse.
Alves foi internado em estado de coma alcoólico e ficou quatro horas em um hospital. Ele recebeu soro e glicose e foi liberado.
Os trotes estão proibidos há 15 anos dentro do campus da Unaerp. No entanto, os estudantes veteranos acabam levando os calouros para fora do prédio.
A universidade informou que depende de uma denúncia formal do estudante para abrir processo administrativo e tomar providências. “Regimentalmente, temos como tomar medidas administrativas e disciplinares para casos como este”, disse Neide Lehfeld, representante da universidade.
Segundo o delegado de polícia José Gonçalves Neto, forçar o consumo de álcool a ponto de colocar em risco a saúde é considerado crime. “Isto pode ser enquadrado como constrangimento ilegal, periclitação de vida e, em casos mais graves, até como tentativa de homicídio”, disse.
A família do estudante afirmou que não chegou a registrar boletim de ocorrência e nem pretende processar os veteranos.
Na opinião do psicólogo Eduardo César Benedicto, do Centro de Orientação Psicológica da Universidade de São Paulo (USP), trotes violentos podem gerar traumas em estudantes e ter conseqüências na vida acadêmica. “Muitos estudantes podem se sentir desestimulados a continuar na universidade por causa desse tipo de trote”, afirmou.