Como é de conhecimento da grande maioria que acompanha o futebol, 2022 será ano de Copa do Mundo. A 22ª edição do evento de seleções mais importante do esporte será realizada no Catar, entre os dias 21 de novembro e 18 dezembro, e impactará em mudanças no calendário do futebol brasileiro para o ano vem.
Tradicionalmente, a Copa do Mundo ocorre de quatro em quatro anos e é disputada entre os tradicionais meses de junho e julho. No entanto, para minimizar forte calor do Oriente Médio nessa época do ano, a Fifa (Federação Internacional de Futebol) achou prudente colocar o Mundial para ser disputado nos últimos meses de 2022 .
Dessa maneira, em países nos quais os calendários do futebol são de janeiro a dezembro, como ocorre no Brasil, os campeonatos nacionais deverão se encerrar a poucos dias do início da Copa do Mundo. Oficialmente, a Fifa exige que os torneios devem ser finalizados ou paralisados até o dia 14 de novembro, apenas sete dias antes do pontapé inicial do Mundial.
Contudo, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) não quer que o Campeonato Brasileiro termine na data limite imposta pela maior entidade do futebol, pois prejudicaria a parte de preparação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo.
Para a CBF, o ideal é que todos os aletas convocados estejam à disposição do treinador Tite pelo menos duas semanas antes do Mundial no Catar.
Em 2022, Fifa promoverá “superdata” e times brasileiros deverão ser afetados
Pensando na Copa do Mundo do Catar, a Fifa resolveu elaborar uma super data-Fifa entre maio e junho do ano que vem — serão 16 dias ao todo, entre os dias 30 de maio e 14 de junho. Em uma data-Fifa normal, as seleções jogam duas partidas, enquanto que na super data-Fifa de 2022 as equipes nacionais poderão entrar em campo até quatro vezes no período definido.
Sendo assim, por ausência de datas no calendário do ano que vem, é pouco provável que os torneios de clubes brasileiros sejam paralisados durante as super data-Fifa — algo que prejudicaria os times com atletas convocados.
Excesso de jogos no calendário nacional tem sido um problema recorrente
Há muitos anos, se discute o alto volume de partidas no futebol brasileiro. Em 2020, devido ao calendário apertado da temporada passada, a CBF se viu obrigada a fazer uma solicitação para que a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) promovesse a redução do tempo mínimo de descanso entre os jogos, passando de 66 horas de pausa para 48 horas.
Em entrevista ao portal “Terra”, em maio deste ano, a fisiologista Debora Garcia disse que no futebol, por ser uma modalidade mista (alia explosão muscular com resistência física), a requisição dos músculos e articulações de atletas é muito grande. Consequentemente, a necessidade de ter um período adequado de descanso entre os jogos é de suma importância para a saúde dos jogadores.
Por essas e outras razões, é quase unânime que o alto número de partidas jogadas pelos times brasileiros anualmente se tornou um fator influente para a queda da qualidade do espetáculo como um todo, já que o excesso de jogos pode trazer efeitos negativos aos atletas — tanto a nível físico, quanto técnico.
Reduzir ou excluir os estaduais poderia ser uma opção viável para 2022?
Há muito anos, se discute o fim ou a redução dos estaduais do calendário do futebol brasileiro. A justificativa é que as partidas não atraem tanto a atenção do torcedor e acabam afetando o planejamento dos clubes maiores, que podem passar a marca de 70 jogos durante determinada temporada. O Flamengo, atual campeão da Supercopa do Brasil , jogou 74 confrontos oficiais em 2019.
Em contrapartida, muitos jornalistas e dirigentes defendem a tese que eliminar os estaduais do futebol brasileiro prejudicaria muito os clubes menores. Isso porque eles dependem das receitas televisas para sobreviverem financeiramente. Além disso, esses times de menor expressão revelam muitos talentos para o esporte e empregam milhares de profissionais do futebol nacional.
Preocupados com os efeitos da alta quantidade de jogos no Brasil, o fato é que grandes clubes do nosso futebol têm iniciado os estaduais com times alternativos nos últimos anos — como a exemplo de Athletico Paranaense e Flamengo.