Uma simulação feita pelo Canal do Crédito para EXAME.com mostra qual o valor de entrada e renda necessários para financiar um imóvel na Caixa desde quarta-feira (24), quando os novos tetos dos financiamentos realizados pelo banco entraram em vigor. O banco também aumentou as taxas de juros para financiamentos de imóveis pela primeira vez este ano. Ou seja, se por um lado o banco facilitou o financiamento, por outro lado dificultou o acesso ao crédito ao torná-lo mais caro.
A Caixa anunciou no dia 8 que iria aumentar o teto do porcentual de financiamento de imóveis usados de 50% para 70% para trabalhadores privados e de 60% para 80% para trabalhadores públicos, no caso de imóveis enquadrados no Sistema Financeiro de Habitação (SFH).
Para imóveis enquadrados no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), o teto do porcentual de financiamento de imóveis usados aumentou de 40% para 60% para trabalhadores privados e de 50% para 70% para trabalhadores públicos.
Já o aumento da taxa de juros balcão (para quem não tem relacionamento com o banco), de 9,9% para 11,22% no SFH e 11,50% para 12,50% no SFI, entrou em vigor sem que o banco avisasse o mercado sobre a mudança.
É a primeira vez que a Caixa sobe os juros este ano no crédito imobiliário. A última vez em que o banco havia aumentado as taxas havia sido em outubro do ano passado. Apenas em 2015, a Caixa elevou os juros para financiamento de imóveis três vezes.
São enquadrados no SFH financiamentos de imóveis de até 750 mil reais nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e no Distrito Federal, e de até 650 mil reais nos outros estados. Já o SFI engloba financiamentos de imóveis de mais de 750 mil reais nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e no Distrito Federal, e de mais de 650 mil reais nos outros estados.
Um tomador de 40 anos que queira financiar um imóvel de 500 mil reais em 30 anos, por exemplo, terá agora até 350 mil reais financiado pelo banco, 100 mil reais a mais do que pelas condições anteriores. Isso faz com que o valor que tenha de dar como entrada na compra do imóvel seja reduzido de 250 mil reais para 150 mil reais.
Contudo, a renda necessária para encarar o financiamento, equivalente a 30% do rendimento familiar, aumenta de 10.208,76 reais para 14.206,34 reais. O valor da prestação também sobe: passa de 3.042,21 reais para 4.233,49 reais.
As mudanças valem para financiamentos pelo Sistema de Amortização Constante (SAC), o mais utilizado no mercado e no qual as parcelas do financiamento são decrescentes ao longo do tempo.
No caso de financiamentos pela Tabela Price, com parcelas fixas, os tetos para financiamento de imóveis usados se mantêm tanto no caso de trabalhadores privados como trabalhadores públicos, pelo SFH e pelo SFI.
As novas condições serão aplicadas aos financiamentos contratados com recursos da poupança, que se enquadram no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e não valem para linhas ligadas a programas habitacionais como o Minha Casa Minha Vida e a Pró-Cotista, que utiliza recursos do FGTS.
Histórico
Os porcentuais máximos para financiamento de imóveis haviam sido reduzidos pela Caixa há quase um ano. Com o novo anúncio, o teto para financiamento de imóveis usados foi totalmente restabelecido para trabalhadores públicos e parcialmente restabelecido para trabalhadores privados, tanto no SFH como no SFI.
Até maio do ano passado, trabalhadores privados podiam financiar até 80% do valor de imóveis usados pelo SFH e 70% pelo SFI na Caixa. A partir de maio, esse teto foi reduzido para 50% do valor do imóvel no SFH e 40% no SFI. Agora, esses trabalhadores poderão financiar até 70% do valor do imóvel usado pelo SFH e até 60% pelo SFI.
Já trabalhadores públicos podiam, até maio do ano passado, financiar até 80% do valor de imóveis usados pelo SFH e até 70% pelo SFI. A partir de maio de 2015, os limites passaram a ser de até 60% no SFH e até 50% no SFI. Agora esses trabalhadores poderão voltar a financiar até 80% do valor do imóvel usado no SFH e até 70% no SFI.