As montadoras chinesas BYD (Build Your Dreams) e GWM (Great Wall Motors) avançam no mercado brasileiro com a produção local de veículos híbridos e elétricos. Segundo reportagem de O Globo, a fábrica da GWM em Iracemápolis, São Paulo, será inaugurada em maio, com início da produção do Haval 6 híbrido no segundo semestre. Já a BYD planeja iniciar operações em sua unidade em Camaçari, Bahia, ainda no primeiro semestre, com o lançamento do híbrido Song Plus.
O mercado brasileiro, com 2,5 milhões de veículos vendidos em 2024, segue como um dos mais atrativos do mundo para montadoras. Cristiano Doria, sócio-diretor da Roland Berger Brasil, destacou ao O Globo: “O consumidor brasileiro é fiel, e a fabricação local passa mais confiança. Além disso, elimina o imposto de importação, que deve chegar a 35% em 2026.” Para as chinesas, produzir no Brasil é uma estratégia global, aproveitando incentivos fiscais do programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação).
A GWM, que adquiriu a antiga fábrica da Mercedes-Benz, já começou contratações e planeja atingir 700 funcionários em 2024. Ricardo Bastos, diretor de Relações Institucionais da GWM no Brasil, explicou que o modelo Haval 6 será adaptado às necessidades locais. “O Haval para os brasileiros tem trem de força mais forte para as estradas nacionais e está adaptado ao gosto do consumidor, com menos cromação e iluminação interna”, disse ele ao O Globo.
Por sua vez, a BYD está transformando a antiga fábrica da Ford na Bahia na sua maior unidade fora da China, com capacidade para produzir até 300 mil veículos anualmente na segunda fase do projeto. A montadora também anunciou o desenvolvimento de um motor flex, que será usado no híbrido Song Plus. Segundo O Globo, o modelo Dolphin Mini, 100% elétrico, será o segundo a ser fabricado no país.
A produção local também abre portas para exportação de veículos para países vizinhos, como Argentina, Colômbia e Bolívia. Milad Kalume Neto, consultor automotivo, ressaltou ao O Globo que, diante de restrições comerciais nos EUA e na Europa, o Brasil tornou-se peça-chave na expansão global das montadoras chinesas. “O Brasil não é apenas um ‘campo de provas’, mas uma saída estratégica, sendo um mercado consolidado e livre de barreiras comerciais”, afirmou ele.
Além de gerar empregos e movimentar o setor, as iniciativas de BYD e GWM prometem mexer com a competitividade no mercado automotivo brasileiro. Ambas as empresas planejam expandir sua rede de concessionárias e investir em pesquisa e desenvolvimento no país. Como concluiu Cristiano Doria, “O Brasil está se tornando um hub estratégico para a expansão das montadoras chinesas”.
