O governador Geraldo Alckmin esteve nesta quinta-feira (20) em Recife, capital do Pernambuco, para acompanhar de perto o início dos testes da vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan, principal produtor de imunobiológicos do Brasil. O órgão é ligado à Secretaria de Estado da Saúde.
Nesta terceira e última etapa antes de a vacina ser submetida à aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e passar a ser produzida em larga escala pelo Butantan, um total de 1,2 mil pessoas, de 2 a 59 anos de idade, participará dos testes.
“O mundo não tem uma vacina dose única contra os quatro tipos de vírus [da dengue]. Será a primeira vacina do mundo com apenas uma dose com alta eficácia contra os quatro tipos, DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4”, explicou o governador.
Os ensaios clínicos em Pernambuco serão conduzidos pelo Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, a Fiocruz Pernambuco, sob a coordenação do médico pesquisador Ernesto Torres de Azevedo Marques.
Os testes já estão em andamento em Manaus (AM), Boa Vista (RR), Porto Velho (RO), em três centros no Estado de São Paulo (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e Santa Casa de Misericórdia de São Paulo), em Fortaleza (CE), Aracaju (SE), além de Porto Alegre (RS), Campo Grande (MS) e Cuiabá (MT).
Metodologia
Os testes envolverão 17 mil voluntários em 13 cidades nas cinco regiões do Brasil. Podem participar do estudo pessoas saudáveis, que já tiveram ou não dengue alguma vez, de três faixas etárias: 2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos. Os participantes do estudo serão acompanhados pela equipe médica por um período de cinco anos para verificar a eficácia da proteção oferecida pela vacina.
A vacina do Butantan, desenvolvida em parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), é produzida com vírus vivos geneticamente atenuados, ou seja, enfraquecidos.
Nesta última etapa da pesquisa, os estudos visam comprovar a eficácia da vacina. Do total de voluntários, dois terços receberão a vacina e um terço receberá placebo, uma substância com as mesmas características da vacina, porém sem os vírus. Nem a equipe médica nem os participantes saberão quais voluntários receberam a vacina e quais receberam o placebo.
O objetivo é descobrir, posteriormente, a partir de exames coletados dos voluntários, se quem tomou a vacina ficou protegido e quem tomou o placebo contraiu a doença. Os dados disponíveis até agora das duas primeiras fases indicam que a vacina é segura, que induz o organismo a produzir anticorpos de maneira equilibrada contra os quatro vírus da dengue e que é potencialmente eficaz.
Nas etapas anteriores, a vacina foi testada em 900 pessoas: 600 na primeira fase de testes clínicos, realizada nos Estados Unidos pelo NIH, e 300 na segunda etapa, realizada na cidade de São Paulo em parceria com a Faculdade de Medicina da USP (por meio do Hospital das Clínicas e do Instituto da Criança) e com o Instituto Adolfo Lutz.