Bruno Fagundes chegou ao elenco de “3%”, da Netflix, com a responsabilidade de dar cara a um personagem que não apareceu nos episódios de uma temporada inteira, mas que tem um peso enorme na trama e foi bastante citado por outras figuras da série. E o resultado foi tão positivo, que o ator deixou muita gente querendo muito mais depois de sua estreia na história, em abril deste ano.
A boa notícia é que o intuito era exatamente esse e o intérprete do irmão da protagonista Michele (Bianca Comparato) – que mesmo ausente influenciou tanto na trajetória dela – já está confirmado para a terceira temporada do projeto, com gravações programadas para este semestre. “Recebi tantas mensagens de fãs do mundo todo, que sinto que cumpri meu trabalho”, contou o artista ao Famosidades.
Filho de Antonio Fagundes e Mara Carvalho, Bruno tem longa história como ator e não usa o sobrenome para abrir portas. Pelo contrário, passou por uma bateria de testes para ganhar o papel em “3%”, depois de também ter sido testado para outro fenômeno do serviço de streaming, “Sense 8” – ele fez uma participação especial a pedido de uma das criadora da série Lana Wachowski.
“Cheguei muito preparado em todas as etapas. E, de alguma forma, estava certo de que isso era para mim. Sou muito grato à família Netflix e a Boutique pela oportunidade”, apontou o rapaz sobre a atração que retrata um futuro distópico em que apenas 3% da população, que vive na miséria, tem a chance de ir para Maralto, um lugar próspero e com abundância de recursos.
Confira, a seguir, o bate-papo com Bruno Fagundes (tentamos até arrancar spoilers!):
FAMOSIDADES – Como é voltar ao set de “3%” para uma terceira temporada, após o sucesso da segunda?
BRUNO FAGUNDES – É incrível! A série foi renovada para a terceira temporada antes de a segunda temporada completar um mês no ar. Isso é sinal de que a série superou expectativas. Mais incrível ainda é que fiquei sem ar quando li a terceira. Ainda melhor que a segunda. Não vejo a hora!
O personagem André teve um peso muito grande na série até agora. Você sentiu essa ‘responsabilidade’?
Sim! É muito desafiador cair de pára-quedas em um projeto com um personagem tão importante. Mas deixei minhas neuras de lado e, confesso, não pensei muito nisso. Só pensei em fazer meu trabalho da melhor maneira possível e ter prazer ao longo do caminho. Estou muito grato por essa oportunidade. Confiaram 100% no meu potencial e dedicação.
Como foi encarar um personagem que, apesar de não aparecer muito, teve a presença sentida pelos fãs em todos os episódios?
Isso só acrescentou um tempero a mais à experiência. É ainda mais desafiador fazer um personagem que aparece pouco, mas é citado o tempo todo. Eu tive que criar uma vida interna muito consistente e imediatamente interessante de se ver pois, em alguns casos, eu sabia que seria minha única aparição no episódio. Mas recebi tantas mensagens de fãs do mundo todo, que sinto que cumpri meu trabalho.
Já é possível adiantar o que o futuro reserva para André em “3%”?
É impossível! [Risos] Não posso dizer muito. Só sei que quando li os roteiros levei um susto com a aparição do André no primeiro episódio. Acho que vamos causar a mesma impressão nos fãs! Espero que sim! [Risos].
O que você achou da virada na relação de André e Michele no fim da temporada?
Ela foi extremamente calculada. Foi um processo bastante colaborativo. Logo de cara, eu e a Bianca [Comparato, intérprete de Michele] vimos esse potencial surpreendente na virada final. Nas primeiras versões do roteiro, a virada era mais branda. Durante os ensaios e nossa preparação, trocamos muito com o Pedro Aguilera, criador da série e, aos poucos, aquele final foi ficando mais inesperado. Eu queria muito criar um André que as pessoas simpatizassem e sentissem compaixão pelo seu enclausuramento. Dessa forma, a virada final seria ainda mais impactante. Recebi tantas mensagens de indignação e ódio [risos] que acho que todo nosso cálculo, deu certo.
Para o papel em “3%” você passou por uma bateria de testes. O que, na sua opinião, fez com que você fosse o escolhido?
A gente nunca sabe! [Risos] Nosso trabalho opera no campo da subjetividade. É algo mais sensorial, tem a ver com empatia e compatibilidade de energia com o que eles querem mostrar. Eu só sei que cheguei muito preparado em todas as etapas. E, de alguma forma, estava muito certo de que isso era pra mim. Sou muito grato à família Netflix e a Boutique pela oportunidade.
Antes de “3%”, você teve uma participação no fenômeno “Sense 8”. Como foi a experiência?
Foi surreal e maravilhoso! Lembro que gravei minha participação na semana do meu aniversário e, curiosamente, a experiência toda me pareceu um presente mesmo. Estar naquele set com Lana Wachowski e grande parte do elenco de uma série que eu admirava e era fã, parecia mentira. Fui muito bem acolhido, todos estavam muito gratos e felizes com minha presença, me chamando pelo nome, com muito carinho. Foi incrível.
Como foi a experiência de levar a peça teatral “Baixa Terapia”, que conta com seus pais no elenco, para os EUA neste ano?
Foi lindo demais! A comunidade brasileira dos EUA sente muita falta dos atores brasileiros. Do calor da nossa interpretação, do nosso humor. O público parecia em festa! Recebemos muitos feedbacks incríveis e ainda conhecemos teatros maravilhosos! No meu caso, foi bem corrido conciliar com a agenda de 3%, mas graças a Deus, deu tudo certo.
Qual é o segredo para trabalhar em família por tanto tempo mantendo a harmonia no palco?
O segredo se chama profissionalismo. Somos todos profissionais ali dentro. Não tem espaço para pessoalidades ou qualquer intriga de família porque ali é nosso ambiente de trabalho. Além disso, nos amamos muito. Isso também é a chave para tudo. Só poderia dar certo!
Você já cansou de ser comparado ao seu pai (Antonio Fagundes)? Aliás, acha que é possível comparar sua carreira com a de seus pais?
Essa é a pergunta mais recorrente da minha carreira. E a resposta é: não. Não cansei de ser comparado com ele, simplesmente, porque não sou. É impossível comparar dois trabalhos de ator, ainda com uma distância geracional e tempos de experiência tão diferentes. Ele é um ator, eu sou outro. Ele faz suas escolhas, eu as minhas. Qualquer comparação reduz a minha trajetória e reduz a trajetória dele.
Netflix, teatro, cinema, artes plásticas, atuação, produção… Em meio a tanto trabalho dá tempo para descansar?
Não dá! [Risos] Mas eu amo assim, desse jeito. Eu descanso trabalhando, sou um viciado confesso. Não saberia fazer diferente. Eu tenho que me forçar a dar uma parada de vez em quando, antes que quebre. Mas é realmente um esforço. Fico completamente perdido nas férias.
O que mais te move como ator?
A possibilidade de me comunicar em grande escala e tentar mudar, nem que minimamente, alguma realidade a minha volta, através da emoção, fantasia e da arte.