Mesmo sob protestos, o presidente dos Estados Unidos George W. Bush chega ao Brasil para negociar uma das grandes preciosidades do país: o etanol. Os interesses norte-americanos são claros. Enquanto o álcool produzido no Brasil é derivado da cana de açúcar, o que o coloca como líder no mercado competitivo, nos Estados Unidos o produto é originado a partir do milho. Logo, o etanol dos Estados Unidos é bem mais caro que o brasileiro, além de apresentar rendimento inferior. Tal vantagem permite que o Brasil receba investimento privado do capital estrangeiro, o que pode significar mais dinheiro e geração de empregos. Além disso, o etanol é ecologicamente correto, uma vez que reduz os impactos causados pelo uso do petróleo. Hoje, o Brasil produz 17 bilhões de litros de etanol por ano. Com investimentos estrangeiros, essa produção poderia triplicar, em longo prazo. O presidente Lula também quer negociar a redução da sobretaxa do litro do álcool importado para o país, que hoje chega a trinta centavos. Para o professor da Universidade de Brasília, José Baltista Vidal, não há parceria onde um país entra com tudo e outro com nada. O professor garante que o Brasil é alto suficiente na produção do biocombustível e que os investimentos estrangeiros poderiam vir de países mais abertos à negociações, como Japão e China, por exemplo. O professor da Universidade de São Paulo, Marcos Fava Neves, discorda. Para ele, o Brasil tem muito a lucrar com a parceria.
Os Estados Unidos já passaram hoje o Brasil na produção de álcool. Eles produzem 18 bilhões de litros por ano e isso equivale só a 2,5 por cento do consumo de gasolina deles. Então, veja quanto que o álcool ainda vai ter que crescer nos Estados Unidos e no Brasil para que eles possam ter uma produção suficiente para substituir parte da gasolina deles. Então, eles terão que comprar do Brasil mais cedo ou mais tarde.
O professor enfatiza ainda as vantagens que o Brasil pode tirar das exportações para os Estados Unidos.
Nós vamos agora partir para uma fase onde o Brasil que está exportando cada ano um bilhão de dólares a mais em etanol, nós temos condições de exportar dez bilhões, 15 bilhões de dólares nos próximos anos. Isso é recurso entrando no Brasil. Imagina quantos empregos não se gera para construir uma nova usina?
Os Chefes de Estado também discutirão outros assuntos, como as negociações da Rodada Doha da OMC, a reforma das Nações Unidas e a colaboração com o Governo haitiano, em áreas como educação, saúde e saneamento.