No ano passado, ao menos 140 travestis e transexuais foram assassinados no Brasil. O dado consta em levantamento da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transsexuais) divulgado nesta 6ª feira (28.jan.2022). Eis a íntegra do relatório (4 MB).
O número representa uma redução de 20% em relação aos assassinatos de 2020, mas o Brasil ainda tem a maior taxa mundial de mortes dessa população. O levantamento é realizado pela Antra desde 2017 e divulgado perto de 29 de janeiro, data em que é celebrado o Dia Nacional da Visibilidade Trans.
Do total de assassinatos registrados em 2021, 135 são travestis e mulheres transexuais e 5 de homens trans e pessoas transmasculinas. Nos 5 anos em que o estudo é realizado, houve aumento de 32,7% nas tentativas de homicídio. Foram 79 casos em 2021 e 77 em 2020.
“A violência transfóbica, o discurso de ódio e uma ideologia antitrans tem crescido e ganhado muita força nas redes sociais desde 2014, e fez-se mais presente em 2020 e em 2021, diante da crise política, econômica e humanitária em que nos encontramos”, diz a Antra no relatório.
Segundo a associação, há “diversos ataques organizados pela aliança entre grupos historicamente LGBTIfóbicos, políticos de extrema-direita, milícias paramilitares e grupos neo-nazistas que ganharam força desde a eleição do atual governo”.
O relatório cita dados da TGEU (ONG Transgender Europe), que realiza monitoramento global, para afirmar que o Brasil “permaneceu como o [país] que mais assassina pessoas trans do mundo pelo 13º ano consecutivo”.
Segundo a Antra, o país “está acima da média geral considerando os números totais ano a ano” e a “aparente queda de 20% em 2021 está bem abaixo do aumento observado em 2020, que foi de 42%”.
Em números absolutos, São Paulo foi o Estado que mais matou a população trans em 2021. Foram 25 assassinatos.
O Estado é seguido de Bahia (13), Rio de Janeiro (12), Ceará (11), Pernambuco (11), Minas Gerais (9), Goiás (7), Paraná (7), Pará (6), Amazonas (4), Maranhão (4), Rio Grande do Sul (4), Espirito Santo (3), Mato Grosso do Sul (3), Mato Grosso (3), Alagoas (2), Amapá (2), Paraíba (2), Piauí (2), Distrito Federal (2), Acre (1), Rio Grande do Norte (1), Rondônia (1) e Sergipe (1).
A Antra diz não ser possível identificar a etnia, idade e outras informações sobre o perfil das vítimas em todos os casos reportados. Dos 140 assassinatos de 2021, por exemplo, não se sabe a idade da pessoa morta em 40 deles.
Dos 100 casos restantes, 5% vítimas tinham de 13 a 17 anos; 53% tinham de 18 a 29 anos; 28%, de 30 a 39 anos; 10%, de 40 e 49 anos; 3%, de 50 e 59 anos; e 1% de 60 a 69 anos.