O Brasil chegou ao 100º caso de gripe aviária do subtipo H5N1, de acordo com a atualização do relatório do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), nesta sexta-feira (15).
Os registros de contaminação começaram em maio e, após o pico, no mês seguinte (com 44 casos), desaceleraram em julho e em agosto. Mas voltaram a apresentar alta agora em setembro.
A maioria ocorreu em aves migratórias. Apenas dois casos foram identificados em aves de criação, voltadas para a alimentação dos proprietários. O primeiro deles foi registrado na cidade de Serra (ES), no mês de junho, e o outro em Maracajá (SC), em julho.
Até o momento, o país não confirmou casos da doença em granjas voltadas para o comércio em larga escala. Por isso, o governo afirma que não há risco para o consumo de carnes e ovos. Além disso, nunca houve transmissão para humanos no Brasil.
Onde estão os casos
O maior número de focos (72% do total) foi registrado na Região Sudeste. A maioria foi no Espírito Santo (29 casos), onde surgiram os primeiros focos, seguido por São Paulo (25) e Rio de Janeiro (18).
Dois casos foram divulgados nesta sexta: um em Praia Grande (SP) e outro em São João da Barra (RJ), ambos em aves silvestres.
Conforme os dados do governo, junho foi o mês com maior incidência, com 44 casos. Desde então, o número de novos focos vinha apresentando desaceleração.
A queda seria um reflexo das medidas de combate, da mortalidade inicial causada pela doença e do fim do ciclo migratório de aves, explica o médico veterinário e virologista da Universidade de São Paulo (USP).
“Conforme elas continuam migrando, continuam trazendo o vírus para cá (…) assim vai oscilando a doença. Entre repovoamento, despovoamento e os padrões de migração das aves”, afirma Paulo Brandão.
O veterinário ainda ressalta que os cuidados ainda devem ser mantidos, já que a chegada da primavera é marcada pela passagem de aves migratórias na América do Sul.
Brasil é líder em exportação de frango
Neste momento, o foco das medidas adotadas pelo Ministério da Agricultura e secretarias de estado é evitar que o H5N1 chegue às grandes granjas do Brasil, que é o principal exportador de carne de frango do mundo e o segundo maior produtor global, atrás dos EUA.
O veterinário e coordenador da Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo, Luiz Henrique Barrochelo, esclarece que a possibilidade da doença se espalhar em grandes granjas é baixa, já que a legislação é rigorosa em relação à segurança e higiene dos ambientes.
“Em áreas comerciais, a situação é diferente porque o acesso é restrito. As aves são criadas em galpões fechados (…) Lembrando que as cidades envolvidas com a avicultura estão distantes do litoral (paulista), onde houve a incidência”, diz Barrochelo.
Em São Paulo, 95% dos focos foram registrados em cidades do litoral. Nenhum caso foi identificado próximo da região de Bastos, que é a maior produtora de ovos do estado, por exemplo.
Novas medidas
No final de maio, o Ministério da Agricultura declarou emergência zoossanitária por 180 dias. A medida, além de alertar a população, serviu para reduzir a burocracia para comprar equipamentos ou deslocar servidores de um estado para o outro.
Outras medidas anunciadas pelo governo são: investigação epidemiológica e restrição temporária de trânsito de produtos agropecuários.