O Brasil planeja se juntar nas próximas semanas ao Japão e aos Estados Unidos em um acordo relacionado à tecnologia 5G e à segurança global das telecomunicações. A informação é do jornalista Ricardo Della Coletta, da Folha de São Paulo.
A ideia do acordo é impedir que a gigante chinesa Huawei possa fornecer equipamentos para a implementação da tecnologia 5G nesses países. O Japão é o grande rival da China na geopolítica local, enquanto os Estados Unidos assumem cada vez mais esse papel em um âmbito global. Existe interesse na participação do Brasil pela proximidade entre Jair Bolsonaro e Donald Trump.
Acontece no mundo uma corrida pelo domínio da tecnologia 5G e pela sua implementação. Muitas empresas tentam ser pioneiras no que pode ser um dos avanços tecnológicos mais incríveis da história recente da humanidade. A Huawei é uma das líderes da disputa e planeja ser a responsável pelo serviço em muitos países.
Presente no Brasil desde 1999, a Huawei vende no país celulares, roteadores, tablets, notebooks, smartwatches e outros produtos tecnológicos. Seus carregadores turbo estão entre os melhores do mercado de acordo com o portal TechReviews .
Existe uma grande resistência por parte de norte-americanos e brasileiros à Huawei devido a acusações de que a empresa repassaria informações confidenciais para Pequim. A presença do Brasil no acordo seria de interesse mútuo, uma vez que facilitaria a vitória de uma empresa de um outro país participante no leilão previsto para 2021 e também apaziguaria as preocupações de Bolsonaro com a idoneidade dos chineses.
A preocupação do presidente do Brasil com produtos e medicações oriundos da China aparece em diversas áreas e também é tema nas discussões com o governador de São Paulo, João Dória, quanto ao desenvolvimento da vacina CoronaVac.
Por outro lado, a China nega que exista qualquer possibilidade de espionagem em sua tecnologia e menciona que a Huawei é apenas uma empresa privada. Alega, ainda, que o interesse dos Estados Unidos é apenas em minar os avanços econômicos do país asiático pelo ocidente.
Mesmo com a potencial vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais norte-americanas, o acordo a princípio não seria ameaçado. Bolsonaro tem uma preocupação grande com o resultado e já demonstrou sua torcida pela reeleição de Trump , porém, no assunto específico do acordo sobre segurança da informação, pouco deve mudar.
O acordo tecnológico não deve mencionar diretamente a Huawei, mas sim ter normas que impeçam indiretamente a presença da empresa chinesa no Brasil, nos Estados Unidos e no Japão. A pressão dos norte-americanos é por termos ainda mais rígidos, mas esse é um dos temas que ainda causam disputas entre os três países.
A expectativa é de que avanços no acordo sejam noticiados em breve. Enquanto o leilão da ANATEL sobre a operação da tecnologia, previsto para 2021, não ocorrem, alguns pequenos experimentos têm sido feitos. Recentemente, a Claro lançou dois smartphones que supostamente conseguem atingir 5G, mesmo que para isso ainda usem as frequências do 4G.