A seleção brasileira deixa Londres, na Inglaterra, e viaja nesta quarta-feira para Riad, capital da Arábia Saudita, para amistosos contra a seleção local e a Argentina, em meio ao clima de tensão no Oriente Médio.
A guerra civil no Iêmen, vizinho à Arábia Saudita, fez com que o Ministério das Relações, por exemplo, emitisse aos cidadãos brasileiros a recomendação de que viajassem ao país “com alto grau de cautela”. Riad, local do jogo contra a Arábia Saudita, sexta-feira, já foi alvo de sete ataques por mísseis desde novembro do ano passado de acordo com a Embaixada do Brasil no país – um cidadão egípcio morreu em decorrência de um destroço que caiu sobre sua casa.
O último ataque com mísseis contra Riad disparados pelos rebeldes houthis, do Iêmen, ocorreu em 24 de junho. Como já se passaram mais de três meses desde aquele episódio, a Embaixada do Brasil em Riad acredita ser possível que a força de coalizão liderada pela Arábia Saudita de combate aos houthis em território iemenita tenha conseguido eliminar as plataformas de lançamentos.
Isso, no entanto, não elimina o estado de atenção. A maior preocupação está na região sul da Arábia Saudita, sobretudo nas províncias de Jizan, Asir e Najran, que fazem fronteira com o Iêmen, onde se desenrola o conflito há três anos e meio.
Flavio Marega, embaixador do Brasil na Arábia Saudita e no Iêmen, diz que não existe, a princípio, nenhuma ameaça ou perigo real à seleção brasileira, mas alerta para “ataques esporádicos de mísseis contra Riad” lançados pelos houthis. “As condições de segurança em Riad e demais grandes cidades da Arábia Saudita são excelentes, devido ao fato de ser um país ostensivamente policiado. Não existem assaltos e o número de homicídios é muito pequeno, visto que o porte de armas é absolutamente controlado pelas autoridades. O único problema, naturalmente, decorre dos ataques esporádicos de mísseis contra Riad”, disse Marega ao Estado.
A situação de tensão na Arábia Saudita, inclusive, fez com que a Embaixada em Riad e os ministérios das Relações Exteriores e da Defesa no Brasil elaborassem um plano de evacuação emergencial da comunidade brasileira na Arábia Saudita no caso de guerra ou crise humanitária. Entre as recomendações de segurança a brasileiros na Arábia Saudita, o Itamaraty orienta que os cidadãos do País, em caso de ataques, procurem locais seguros, com suprimentos de emergência, lanternas e meios de comunicação, incluindo telefone.
ROTEIRO – Após três dias de treinos em Londres, a seleção chegará a Riad na madrugada de quinta-feira. O time treina no estádio da Universidade King Saud e, no dia seguinte, às 15 horas (de Brasília), enfrenta a Arábia Saudita no mesmo local.
Após a partida, a delegação embarca para Jeddah, onde fará dois treinos no estádio Prince Mohammed Bin Abdullah Al Faisal (sábado e domingo). Na segunda-feira, o treinamento será no estádio King Abdullah Sports. Na terça-feira, a seleção joga contra a Argentina, também às 15h, no estádio.
CBF NÃO SE PREOCUPA – A CBF não vê problemas em relação à segurança da seleção durante a estada na Arábia Saudita. A entidade informou que todos os integrantes da delegação receberam as orientações necessárias a fim de evitar qualquer incidente e que a empresa responsável pela marcação dos amistosos tomou todas as providências para garantir a segurança dos brasileiros. “O clima é de total tranquilidade quanto à estrutura disponibilizada para a realização das partidas”, garantiu a CBF, por meio de sua assessoria de imprensa.
Questionada sobre se pediu apoio à embaixada brasileira em Riad para a delegação, a CBF disse que seu secretário-geral, Walter Feldman, teve “uma conversa muito boa com o embaixador Flávio Marega, que demonstrou total tranquilidade quanto à estada da seleção no país”. A CBF afirmou que embaixador relatou haver grande expectativa do povo árabe em relação à presença da seleção brasileira.
Sobre os motivos que levaram à marcação dos dois amistosos da seleção em território saudita, a CBF argumentou que “os adversários escolhidos preenchem os requisitos desejados pela comissão técnica” e ressaltou que “a empresa detentora dos direitos dos amistosos é responsável por providenciar toda a parte de logística e segurança junto às autoridades locais”.