Devem surgir 576.580 novos casos de câncer no Brasil em 2014. A previsão é que o tumor de pele não melanoma, o mais frequente na população feminina e masculina, atinja 182 mil pessoas no próximo ano, equivalente a 31,5% do total.
Depois deste, o que mais acomete homens é o câncer de próstata (68,8 mil), que responde por 33,7% da incidência nesse público quando se exclui o de pele. Em relação às mulheres, o segundo de maior ocorrência é o de mama (57,1 mil), responsável por 30% dos casos em relação aos demais tipos.
Os dados são da publicação Estimativa 2014 – Incidência de Câncer no Brasil, que foi apresentada nesta quarta-feira (27) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e pelo coordenador de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomas da Silva (INCA), Cláudio Noronha. As previsões de novos casos da doença, divulgadas a cada dois anos, servem de base para políticas públicas na área de oncologia.
“A estimativa só reforça que o câncer tem de ser uma prioridade em saúde pública, é uma doença que atualmente provoca quatro vezes mais mortes que os acidentes de trânsito. Por isso o esforço do Governo Federal em expandir a rede de assistência. Nos últimos anos, ampliamos em mais de 25% os investimentos no setor com objetivo de interiorizar cada vez mais o diagnóstico e tratamento para a doença”, disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O Coordenador de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (INCA), Cláudio Noronha, alerta quanto aos fatores que influenciam no aumento da incidência da doença. “O número de casos cresce no Brasil seguindo uma tendência internacional e fortemente influenciada pelo envelhecimento da população. Além do envelhecimento, são fatores de risco importantes o tabagismo, que é responsável por aproximadamente um terço da ocorrência dos casos de câncer, o consumo de álcool, a alimentação, o controle do peso e a prática de atividade física”, destaca.
Com exceção do câncer de pele, a ocorrência de novos casos da doença no próximo ano será de 394.450, sendo 52% em homens e 48% em mulheres. Além do câncer de pele, próstata e mama, os mais comuns no país são intestino (33 mil), pulmão (27 mil) e estômago (20 mil).
Embora as previsões para o câncer seja de aumento do número de casos a cada ano, chama a atenção nos dados dos últimos anos no Brasil a tendência de queda do câncer de pulmão em homens e do câncer de colo do útero em mulheres, resultado das políticas de prevenção e diagnóstico precoce.
Na publicação elaborada pelo INCA, estão relacionados os 19 tipos de cânceres mais frequentes no Brasil. A previsão é de um maior número de novos casos no Sudeste (299.730 mil) e Sul (116.330). Na região Nordeste estimam-se 99.060 novos casos, seguida do Centro-Oeste (41.440) e do Norte (20.020).
O câncer atualmente é a segunda causa de morte no Brasil e no mundo, atrás apenas das doenças cardiovasculares. Em 2011, 184.384 pessoas morreram por conta da doença no País.
MAIOR NÚMERO DE CASOS – A incidência de câncer em todo o mundo cresceu 20% na última década. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a expectativa para 2030 é de 27 milhões de novos casos e 17 milhões de óbitos. Os países em desenvolvimento serão os mais afetados, incluindo o Brasil. A doença é uma das grandes preocupações mundiais em políticas de saúde.
No caso do Brasil, a estimativa para 2014 é 11% maior que o total de novos casos esperados dois anos atrás (520 mil). Melhorias na quantidade e qualidade da base de dados podem ter interferido no índice, uma vez que o número é calculado com base nas taxas de mortalidade dos estados e capitais brasileiras. As taxas de incidência são obtidas nas 23 cidades onde existem Registros de Câncer de Base Populacional. As estimativas são válidas também para 2015.
O maior número de casos da doença no Brasil e no mundo está relacionado ao envelhecimento da população, às mudanças na alimentação, à pouca prática de exercícios físicos e ao hábito de fumar, entre outros fatores de risco. De forma geral, todos os tipos de câncer apresentam crescimento no número de casos com o passar do tempo.
TENDÊNCIA DE QUEDA – Na contramão deste cenário, observa-se no Brasil nos últimos anos tendência de queda na incidência de câncer de pulmão em homens. Embora esse tipo da doença seja o terceiro mais frequente entre o público masculino, devendo atingir 16.400 pessoas do sexo masculino no próximo ano, a previsão já foi maior. A estimativa para 2010, por exemplo, era de 17.800 novos casos em homens.
O câncer de pulmão é o que mais fez vítimas no Brasil em 2011, quando foram registrados 22.426 óbitos. Cerca de 90% dos casos estão associados ao tabagismo e a tendência de queda em homens pode ser relacionada às políticas de redução do consumo de cigarro. O Brasil tem se destacado globalmente nas ações de combate ao fumo, com redução de 20% do número de adultos que fumam nos últimos seis anos. O índice de fumantes passou de 15% em 2006 para 12% em 2012. Em 1989, era 35%.
No caso das mulheres, a tendência de queda é em câncer de colo do útero, que deixou de ser o segundo mais frequente entre esse público passando para o terceiro lugar no ranking. A previsão para 2014 é de 15.590 novos casos da doença, sendo que em 2010 a estimativa era de 18.430.
A redução dos casos está associada ao maior acesso da população feminina brasileira ao exame preventivo (papanicolau), a cada ano cerca de 11 milhões de exames são feitos na rede pública de saúde. A partir de 2014, o SUS passará a oferecer vacina contra HPV, cujo vírus é responsável por 95% dos casos de câncer de colo do útero.
Depois do câncer de pele, este câncer apresenta maior percentual de prevenção e cura quando diagnosticado precocemente. O Ministério da Saúde preconiza que as mulheres de 25 a 64 anos façam o papanicolau anualmente. Se no intervalo de dois exames seguidos o resultado for normal, o exame é indicado a cada três anos.
EXPANSÃO DA ASSISTÊNCIA – O investimento do Ministério da Saúde na assistência aos pacientes com câncer foi de R$ 2,1 bilhões no ano passado, o que representa crescimento de 26% em relação a 2010.
Com o aumento dos recursos, foi possível ampliar a rede de assistência à doença no Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, 277 hospitais realizam diagnóstico e tratamento de câncer em todo o Brasil, sendo que 11 deles foram habilitados neste ano.
Em dois anos, o número de sessões de radioterapia realizada na rede pública aumentou 17%, ultrapassando nove milhões de procedimentos em 2012. Esse índice deverá crescer ainda mais com a compra de 80 aceleradores lineares que serão entregues a 63 municípios.
Os novos aparelhos de radioterapia, cujo investimento por parte do Ministério da Saúde foi de R$ 500 milhões, resultará em uma expansão de 25% na oferta do tratamento.
Também houve aumento no acesso à quimioterapia. Em 2012, o número de sessões realizadas foi 15% maior que o total dois anos atrás. Este avanço foi acompanhado da incorporação, a partir de 2011, de novos medicamentos no SUS para o tratamento de câncer, como o mesilato de imatinibe (contra leucemia), o rituximabe (linfomas) e trastuzumabe (mama). Somente neste último o investimento anual na oferta do produto é de R$ 130 milhões por ano. No próximo ano, passam a ser disponibilizados ainda mais dois medicamento para o tratamento de cerca de cinco mil pacientes com câncer de pulmão, o erlotinibe e o gefitinibe.
Na detecção precoce do câncer de mama, houve um aumento de 30% no número de exames preventivos realizados por mulheres que estão dentro da faixa etária prioritária (50 a 69 anos). Foram mais de 2,3 milhões de mamografias em 2012. Considerando todas as idades, o crescimento foi de 25%.