Veto a Jango 1
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou nesta quinta-feira (14) projeto de lei que tramitava no Congresso Nacional desde 2011, de autoria do então senador rio-pretense Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), batizando toda a extensão da BR-153 com o nome do ex-presidente João Goulart. Jango, como entrou para a história, foi deposto em 1964, ato que abriu caminho para a consolidação da ditadura militar no País (1964 a 1985)
Veto a Jango 2
“Busca-se que personalidades da história do País possam ser homenageadas em âmbito nacional desde que a homenagem não seja inspirada por práticas dissonantes das ambições de um Estado Democrático”, justificou o presidente, um defensor público dos chamados anos de chumbo, com cerceamento da liberdade de expressão e de imprensa, prisões políticas e prática de tortura nas prisões militares.
Lados opostos
O próprio Aloysio Nunes, que sugeriu o nome de Jango, estudante de direito da São Francisco na época, acabou passando dois 2 anos na França para fugir da perseguição do regime. O político rio-pretense chegou a atuar em movimentos clandestinos contra a ditadura.
Mais justificativa 1
Ainda em sua justificativa, Bolsonaro argumenta que “a proposição legislativa contraria o interesse público ao pretender denominar trecho de aproximadamente três mil e quinhentos quilômetros de extensão da rodovia BR-153, que perpassa os Estados do Pará, do Tocantins, de Goiás, de Minas Gerais, de São Paulo, do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul”.
Mais justificativa 2
Desse modo, segundo ele, tal medida é inoportuna por não considerar as especificidades e as peculiaridades de cada Estado. “Além disso, entende-se que escolher homenagear apenas uma figura histórica poderia representar descompasso com os anseios e as expectativas da população de cada unidade federativa abrangida pela Rodovia.”
Após Jânio
João Goulart tomou posse como presidente em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros e acabou deposto em 1964 pelos militares, com amplo apoio, na época, de grandes grupos de Comunicação, empresários e o setor conservador da Igreja Católica, sob a alegação de que ele transformaria o Brasil num país comunista.
Melhor assim
Questionado pelo DLNews sobre o veto, Aloysio foi direto: “Considero que o veto de alguém como Bolsonaro é uma grande homenagem à memória do presidente João Goulart.” O político rio-pretense se tornou uma das principais vozes contrárias ao presidente Jair Bolsonaro nos últimos dois anos.