O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem o recurso de envio de fotos por comentários desativado em seu Facebook. Desde sexta-feira (12), Bolsonaro vem fazendo críticas ao Facebook, alegando censura. Nesta segunda-feira (15), criticou a rede social e defendeu o aumento da tributação das big techs no país.
“Agora deixa o povo se libertar, porque tem liberdade. Logicamente que se alguém extrapolar alguma coisa, tem a Justiça para recorrer. Agora o Facebook bloquear a mim e a população é inacreditável […] E não há uma reação da própria mídia, ela se cala. Falam tanto da liberdade de expressão para eles em grande parte mentir com matérias. Agora para a população é uma censura que não se admite”, completou, em vídeo transmitido numa rede social de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
“Os combustíveis continuam aí demonstrando uma nuvem muito carregada no horizonte, vamos resolver esse problema. Obrigado quem mandou [foto de] nota fiscal [de abastecimento] para mim por outros meios, já que o Facebook bloqueou. Vamos ver, já liguei para a AGU [Advocacia-Geral da União] para ver o que a gente pode fazer.”
Bolsonaro fez referência a postagem em sua página na sexta, em que pediu aos seguidores que abastecessem seus carros com R$ 100 e que postassem nos comentários a nota fiscal. O objetivo do presidente era questionar o ICMS dos combustíveis cobrado pelos estados.
Seguidores começaram a fazer reclamações de que não conseguiam anexar imagens nos comentários. Em seguida, Bolsonaro compartilhou uma notícia sobre a redução de conteúdos relacionados a política na rede social.
A medida, que está em fase de teste no Brasil, Canadá e Indonésia, entrou vigor na semana passada, e será aplicada nos EUA nas próximas semanas. Segundo o comunicado do Facebook, está sendo reduzido temporariamente a distribuição apenas no feed de notícias e para uma pequena porcentagem de usuários.
A medida não tem relação com a publicação ou não de fotos no perfil do presidente por internautas.
Com a mudança, o objetivo da big tech é “preservar a capacidade das pessoas de encontrar e interagir com conteúdo político no Facebook, respeitando o interesse de cada uma delas sobre o que desejam ver no topo de seu feed”, diz a postagem no blog do Facebook.
Procurado, o Facebook não quis comentar as afirmações do presidente.
A reportagem fez testes em diferentes computadores e em outras páginas que estão autorizadas a postagem de imagens nos comentários. No padrão do Facebook em páginas com todas as funções autorizadas, aparecem quatro ícones: inserir emoji, anexar foto ou vídeo, comentar com um GIF ou publicar uma figurinha. Na fanpage do presidente, a função “anexar foto ou vídeo” não aparece.
Segundo a central de ajuda do Facebook, isso pode ser desabilitado no painel de configurações, onde o administrador pode controlar o que os visitantes podem publicar na página. Se o usuário permite que visitantes publiquem, pode optar por: permitir publicação de fotos e de vídeos ou analisar as publicações de outras pessoas antes de elas aparecerem na página.
O Planalto não respondeu a um pedido de comentário até a publicação deste texto.