O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta 3ª feira (1º.fev.2022) que faltou “visão de futuro” para moradores que construíram residências em áreas de risco atingidas por fortes chuvas no último fim de semana. O governo anunciou que ajudará os municípios atingidos, mas não informou montante de recursos que deve direcionar.
Na manhã desta 3ª feira, Bolsonaro e ministros sobrevoaram de helicóptero locais atingidos pelos temporais. De acordo com a Defesa Civil do Estado de São Paulo, as fortes chuvas causaram a morte de ao menos 24 pessoas. São 27 municípios afetados e cerca de 1.546 famílias desabrigadas ou desalojadas.
“A visão [do sobrevoo] é algo que nos marca. Muitas áreas onde foram construídas residências faltou obviamente alguma visão, por parte de quem construiu, de futuro. Bem como por necessidade também, as pessoas fazem [casas] nessas áreas de risco”, disse.
O presidente lamentou as mortes causadas pelas fortes chuvas e declarou que o governo dará apoio para diminuir o sofrimento da população afetada. “Lamentamos as mortes. Sabemos que muitas vezes as pessoas constroem suas residências por necessidades em locais que 10, 20, 30 anos depois o tempo leva a desastres”, afirmou Bolsonaro.
O presidente e integrantes do governo se reuniram com prefeitos e depois conversaram com jornalistas em Francisco Morato (SP). Segundo o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), as demandas dos governos locais serão atendidas “de acordo com a necessidade de cada município”.
Marinho afirmou que o pedido por recursos feito pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), é para obras que “não dizem respeito ao momento”. “O ofício [do governo do Estado] trata, no momento da tragédia, de obras que dizem respeito à previsão orçamentária. Obras de contenção, obras que não dizem respeito ao momento que estamos vivendo. Agora, a necessidade é tratarmos das pessoas e isso são ações emergenciais”, afirmou.
O ministro indicou que não deve atender ao pedido de Doria, mas ajudará os prefeitos das cidades afetadas. “O governador [João Doria] nos pede R$ 50 milhões para ações emergenciais, mas os prefeitos certamente vão nos dizer qual é a necessidade de cada prefeitura. Estamos recebendo as reivindicações de cada prefeito”, disse.
Segundo Marinho, os pedidos do governo estadual não devem ser endereçados à Defesa Civil, mas ao Orçamento Geral da União. “Não é dessa forma. Ele [governador] tem que endereçar ao Orçamento Geral da União e essa discussão se dá no ano que antecede a aplicação do orçamento no ano subsequente. Tenho certeza que o governador tem essa informação”, disse.
Sobre obras preventivas, o ministro Rogério Marinho afirmou que o governo se comprometeu a ouvir demandas e discutir o assunto. “Estaremos aqui nos próximos 15 dias conversando com prefeituras locais a respeito de linhas de financiamento e de formas de trabalharmos em conjunto com obras estruturantes”, declarou.
VIAGEM
A comitiva do governo que viajou com o presidente incluiu os ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), João Roma (Cidadania), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria Geral), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Inovação). O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, também acompanhou a comitiva.
Por causa da viagem, o presidente não participou da sessão de abertura do ano no Judiciário. “Informo que em decorrência de viagem, para sobrevoar as cidades de São Paulo atingidas pelas fortes chuvas, o excelentíssimo senhor presidente da República Jair Messias Bolsonaro não pode comparecer a essa sessão solene e enviou seus cumprimentos e uma missiva justificativa”, informou o presidente do STF, Luiz Fux, no início de seu discurso.
Os compromissos do presidente em São Paulo não constaram na agenda pública oficial do presidente. Ele retornou para Brasília de tarde e teve reuniões no Palácio do Planalto.