Desafiando sua suspensão do futebol, Joseph Blatter está na Copa do Mundo.
O suíço que ocupou a presidência da Fifa entre 1998 e 2015 foi convidado pelo presidente Vladimir Putin para o torneio e garante que irá ver o jogo do Brasil, contra a Costa Rica, em São Petersburgo, na Rússia.
Nesta terça-feira, ele desembarcou em Moscou no final da tarde e se dirigiu para um dos hotéis mais luxuoso do país, no centro da capital. Tudo à convite do Kremlin.
Blatter foi obrigado a renunciar de seu cargo depois que sua entidade foi assolada por um escândalo de corrupção sem precedentes. Cartolas foram presos em Zurique, enquanto a entidade foi obrigada a destinar mais de US$ 60 milhões (cerca de R$ 224 milhões) em honorários para que fosse defendida por advogados.
Símbolo de uma entidade corrupta, Blatter passou a ser evitado pela nova geração de dirigentes, enquanto o novo presidente da Fifa, Gianni Infantino, usa cada discurso para insistir que já “virou a página” e que hoje sua entidade não tem relação com o passado.
Num acordo de cavalheiros, Blatter e Infantino não irão se cruzar, não ficarão no mesmo hotel e nem estarão nos mesmos jogos. Assim, o suíço deve assistir nesta quarta-feira a partida entre Portugal e Marrocos. Ao Estado, ele confirmou com exclusividade há dois dias que um dos jogos que iria seria do Brasil.
Sorridente, mas visivelmente cansado, Blatter não quis responder ao Estado se achava que o gol de empate da Suíça havia sido legal ou não contra o Brasil. Mas apenas brincou: “não vim aqui analisar jogos. Vim apenas desfrutar da Copa do Mundo”, disse.
Sua recepção foi como nos velhos dias da Fifa: ampla segurança, câmeras de foto, jornalistas e até torcedores que queriam tirar fotos com o ex-comandante do futebol mundial. Como sempre fazia quando era presidente da entidade, ele fez questão de apertar a mão de todos os jornalistas e perguntar: “como vai?”. Só uma coisa ele não tem mais: o poder sobre o esporte mais popular do planeta.