domingo, 29 de junho de 2025
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Bispos da região foram alvo de espionagem ilegal da Abin no governo Bolsonaro

Foto: Bispo emérito Demétrio Valentini e bispo José Reginaldo Andrietta, de Jales

Pelo menos três bispos que atuavam em dioceses da região de São José do Rio Preto foram alvo de um esquema de espionagem ilegal montado na Agência Brasileira de Informações (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os religiosos haviam assinado uma carta com críticas severas ao então presidente em julho de 2020.

A carta, assinada por 152 bispos, afirmava que o Brasil atravessava um dos períodos mais difíceis de sua história, em meio a crises de saúde e econômica, além de tensões sobre os fundamentos da República. O texto indicava que grande parte dessa situação era provocada pelo próprio ex-presidente. Conhecida como “Carta ao Povo de Deus”, o documento chegou a ter sua publicação suspensa para análise do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas acabou vazando.

Alvos e Detalhes da Investigação

A “Abin paralela”, nome dado ao esquema que monitorava opositores, incluindo os bispos signatários do documento, colocou como alvos na região:

  • Bispo emérito Demétrio Valentini, de Jales;
  • Bispo José Reginaldo Andrietta, de Jales;
  • Bispo já falecido Antônio Celso de Queirós, de Catanduva.

A Arquidiocese de Rio Preto, responsável pelas dioceses citadas, informou que aguarda a análise completa do relatório para se pronunciar em sintonia com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, derrubou o sigilo do inquérito da Polícia Federal que apura o escândalo nesta quarta-feira (18). O relatório da polícia indiciou mais de 30 pessoas.

De acordo com a investigação, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) solicitou ao ex-diretor da Abin, Frank Márcio de Oliveira (que está entre os indiciados), o levantamento de informações e perfis de cada um dos bispos que assinaram o manifesto.

O relatório também contém uma mensagem enviada à Abin pelo agente da PF Marcelo Bormevet, na qual ele escreveu: “Parabéns, muito corajoso: Padre desmascara 152 bispos que assinam carta contra Bolsonaro: Todos Comunistas.”

Agora, cabe ao Ministério Público decidir os próximos passos: propor mais apurações, apresentar uma acusação formal à Justiça (uma denúncia) ou arquivar o caso. Existe também a possibilidade de sugerir um acordo de não-persecução penal, caso as condições previstas em lei sejam atendidas. A Procuradoria-Geral da República terá 15 dias para se manifestar.

Em qualquer uma das situações – arquivamento, mais diligências ou denúncia –, a PGR apresentará suas conclusões ao Supremo Tribunal Federal.

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