sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Bispo fica revoltado com mundanças em carta enviada ao Vaticano

O bispo de Jales (SP), dom Luiz Demétrio Valentini, membro da Comissão para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB, também está revoltado com as mudanças….

O bispo de Jales (SP), dom Luiz Demétrio Valentini, membro da Comissão para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB, também está revoltado com as mudanças. Contudo, propõe que os bispos procurem superar o incidente, se não conseguirem a reposição do texto original.

“A interferência do Celam foi um equívoco que não poderia ter ocorrido. Mas, acho que Aparecida vale mais pelo contexto e, por isso, temos de assimilar o baque para não perder o clima positivo que a conferência trouxe” – argumentou dom Demétrio. “Embora se tenha mexido no texto, as CEBs continuam presentes no documento”, acrescenta.

A Carta de Aparecida foi entregue a Bento XVI no dia 11 de junho na Cidade do Vaticano pelos cardeais Errázuriz, Giovanni Battista Re e Geraldo Majella Agnelo, presidentes da 5ª Conferência Geral. Dom Geraldo, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, disse que não sabia que o texto havia sido mudado e pede o restabelecimento da versão original.

Celam muda Carta de Aparecida
O cardeal Francisco Javier Errázuriz Ossa, arcebispo de Santiago do Chile, admitiu na última sexta-feira que o texto definitivo da Carta de Aparecida, votado pelos bispos na 5ª Conferência-Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, em 31 de maio, foi alterado antes de ser entregue ao papa Bento XVI, 11 dias depois.

“O texto definitivo sofreu algumas modificações, mas são formulações que não têm a importância que lhes é atribuída agora” – declarou Errázuriz. Acrescentou que se trata de mudanças “mínimas”, que não alteraram o conteúdo. O texto recebeu aprovação quase unânime em Aparecida, com 127 votos a favor, um contra e duas abstenções.

Além de Errázuriz, participou das mudanças o bispo argentino Andrés Stanovnik. Ambos eram, respectivamente, presidente e secretário-geral do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) por ocasião da conferência. As mais relevantes, de um total de mais de 200, referem-se às comunidades eclesiais de base (CEBs), vinculadas à Teologia da Libertação.

Ainda sem saber quem havia feito as emendas, o cardeal dom Geraldo Majella Agnelo, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, ficou indignado com a alteração do texto e pediu o restabelecimento da versão original. Dom Geraldo foi um dos três presidentes da Conferência de Aparecida, juntamente com Errázuriz e com o prefeito da Congregação para os Bispos, cardeal Giovanni Battista RÕ, que entregaram o documento ao papa na manhã de 11 de junho.

“Eu pensei que estava levando o texto original” – disse dom Geraldo, descartando ser a primeira vez que isso acontecia. O mesmo aconteceu na Conferência de Puebla, no México, em 1979, quando o cardeal colombiano Alfonso López Trujillo, atualmente presidente do Pontifício Conselho para a Família, mexeu no documento antes de ele ser enviado a Roma.

“Não sei quem alterou o texto, mas tenho de supor que o papa sabia que houve mudanças e as aprovou” – declarou o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, na 5ª Exposição Católica, no Center Norte, na capital paulista.

A questão será discutida nesta semana que começa, em Brasília, durante reunião do Conselho Episcopal Pastoral, constituído pela presidência da CNBB e os presidentes das comissões episcopais pastorais. Os bispos que defendem o restabelecimento do texto original argumentam que, ao aprová-lo, Bento XVI não sabia que ele havia sido alterado.

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