A Microsoft anunciou na noite de ontem que seu fundador e líder histórico Bill Gates vai deixar o conselho de administração da empresa para se dedicar às suas atividades filantrópicas, nas áreas de “saúde global, desenvolvimento, educação e ataque às mudanças climáticas”. Em comunicado enviado a investidores, a companhia afirmou que Gates seguirá participando de suas atividades, como consultor tecnológico para o presidente executivo Satya Nadella.
Tendo fundado a Microsoft em 1975, ao lado do colega de faculdade Paul Allen, Gates comandou a empresa desde sua origem até 2000, quando se afastou do cargo de presidente executivo. Ele também permaneceu na presidência do conselho até 2014, justamente quando Nadella assumiu o posto. “Foi uma honra e um privilégio trabalhar com Bill ao longo dos anos e a Microsoft vai continuar se beneficiando da paixão técnica e dos conselhos dele no futuro”, disse Satya Nadella, no comunicado.
Segundo a revista Forbes, Gates tem uma fortuna pessoal de US$ 103,6 bilhões. É o segundo homem mais rico do mundo, atrás apenas de Jeff Bezos, criador da varejista americana Amazon. Nascido em 1955, em Seattle, ele ajudou a forjar uma série de mitos por trás da indústria de tecnologia – como a dos líderes que criam empresas após desistir da faculdade (a Universidade Harvard, no caso) e de companhias que nasceram dentro de dormitórios estudantis.
Ele também liderou a Microsoft em capítulos decisivos de sua história, como a criação do Windows, o sistema operacional mais usado em computadores pessoais. Também esteve à frente da empresa na época do polêmico processo antitruste em torno do Internet Explorer, que fez a empresa perder tempo em meio a batalhas judiciais e não conseguir se adequar às novas eras da computação pessoal. Recentemente, Gates falou bastante sobre como errou ao não conseguir fazer a Microsoft ser forte na era dos dispositivos móveis. Durante o dia, as ações da Microsoft registraram alta de 14%, mas tiveram queda de 2,8% após a divulgação da notícia.
Filantropia
Há anos, Gates tem se dedicado a atividades filantrópicas ao lado de sua mulher, Melinda. Juntos, eles criaram a Bill & Melinda Gates Foundation, a maior fundação filantrópica global.
Para financiar a organização, ele vendeu boa parte de suas ações na Microsoft – hoje, é dono de apenas 1% da empresa – e investiu em uma série de ativos e ações. Ele faz parte de um movimento de bilionários americanos que acreditam na filantropia para repassar sua riqueza ao mundo – uma visão que também é compartilhada por nomes como Warren Buffett e Mark Zuckerberg, entre outros.
Gates e sua mulher, Melinda, já deixaram clara a intenção de deixar apenas US$ 10 milhões de herança para cada um de seus três filhos. Se essa meta for completada, o casal terá doado mais de 99,5% de sua fortuna antes de morrer. Entre seus principais interesses e causas, há projetos para criar soluções de saneamento básico universais para o resto do mundo e busca da cura para o mal de Alzheimer.