Os pais da bebê de um mês que morreu após dar entrada em um hospital com hematomas e fraturas foram detidos em Mongaguá, no litoral de São Paulo. Conforme apurado pelo g1 nesta terça-feira (24), o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que Vallentina Rodrigues de Souza apresentava “sinais evidentes de maus-tratos” e a possibilidade de tortura.
A criança morreu no Hospital e Maternidade Municipal de Mongaguá. Segundo boletim de ocorrência, a médica que atendeu o caso relatou que Vallentina apresentava afundamento de crânio, sangramento na laringe e suspeita de luxação de cotovelos e tíbia.
Segundo a delegada Damiana Shibata, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Mongaguá, o pai da criança, Yuri Rodrigues da Silva, de 19 anos, foi preso em flagrante, e a mãe dela, de 17, foi apreendida.
“O laudo do IML apontou que há sinais evidentes de maus-tratos e talvez de tortura”, afirmou a delegada. “Os pais negam [as agressões]. Um atribui ao outro algum descontrole [contra a criança]”.
Fraturas e hematomas
De acordo com a delegada, o laudo do IML apontou também que as fraturas pelo corpo da menina eram “lesões anteriores”, ou seja, sofridas há mais tempo do que a data em que ela deu entrada na unidade de saúde.
A mãe, de 17 anos, relatou à polícia que a filha acordou com febre, mas não medicou a menina. Ela explicou ainda que a bebê vomitou e teve diarreia. Questionada sobre o porquê de não ter encaminhado Vallentina a um médico, a jovem disse que não tinha dinheiro para pagar pelo transporte.
“Ela acreditou que a filha melhoraria, pois estava apresentando febre e diarreia, e só quando constatou que a criança não estava respondendo aos estímulos, acionou o Samu”, complementou Damiana.
Lesões
Segundo a Prefeitura de Mongaguá, a criança foi encaminhada via Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital Municipal.
A bebê, de acordo com o município, apresentava sangramento nasal, oral e diversos hematomas. Além disso, a criança apresentava afundamento de crânio, sangramento na laringe, fratura de tíbia direita e luxação de cotovelos.
Depois de constatado o óbito, a bebê foi encaminhada para o Instituto Médico Legal com a presença da Polícia Militar. O caso foi registrado na Delegacia Sede da cidade como morte suspeita e será investigado.
O que diz o pai
O pai da bebê, de 19 anos, relatou no boletim de ocorrência, que vive com a mãe da menina há dois anos e que a filha do casal tem um mês e 20 dias. Sobre o ocorrido, ele esclareceu que acordou, por volta das 10h no domingo (22), e que a bebê estava deitada no berço.
O homem explicou que a menina estava bem e que ele saiu de casa para comprar detergente, por volta das 12h. Ao retornar, a bebê estava com febre e diarreia. A esposa dele estava fazendo comida e lavando a louça.
O pai justificou que levaria a filha ao hospital no dia seguinte. Ele destacou que há uma semana apareceram algumas manchas no corpo da bebê e que não a levou ao médico.
Por volta das 21h, o pai da bebê disse que foi acordado pela esposa, sendo informado que a filha não estava bem e que tinha ligado ao 192. Ele disse que um médico orientou por telefone que poderia ser feita uma massagem na menina.
Ele contou ainda que a unidade do Samu chegou após 30 minutos do chamado e encaminhou a família para o hospital. Após constatado o óbito, o homem foi encaminhado para a delegacia para prestar esclarecimentos.