segunda, 18 de novembro de 2024
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Bebê é atendida em leito improvisado com caixa de papelão

A cidade de Santa Bárbara d’Oeste, em São Paulo, tem 180 mil habitantes. E são 180 mil habitantes sem acesso a uma UTI neonatal sequer. De quem é a culpa…

A cidade de Santa Bárbara d’Oeste, em São Paulo, tem 180 mil habitantes. E são 180 mil habitantes sem acesso a uma UTI neonatal sequer. De quem é a culpa disso?

Pronto. Começamos o post com a verdadeira questão desta notícia. Vamos à notícia.

Alice tem quase 2 meses de idade e teve problemas de respiração desde os 14 dias de vida. Levada à rede pública municipal de Saúde, foi diagnosticada com rinite. O problema continuou. Finalmente fizeram um exame de raio-X e descobriram uma bronquiolite. Demorou demais. “Quando ela veio a primeira vez [no hospital], a médica disse pra mim que era preciso cinco dias de gripe pra tirar o raio-X. Com cinco dias de gripe ela forçava muito pra respirar. Esperaram ela ficar bem ruim pra poder [ter esse atendimento]”, disse a mãe de Alice, Ariany Duarte da Fonseca, de 26 anos, ao G1.

Quando uma enfermeira notou a gravidade do caso – viu que ela estava forçando demais para respirar e tinha sinais vitais abaixo do normal -, levaram a pequena Alice ao pronto-socorro. Como você já sabe, não existe unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal (para recém-nascidos) em Santa Bárbara d’Oeste. Portanto, não havia estrutura para atendê-la. A equipe de enfermeiros foi obrigada a improvisar uma tenda de oxigenação para bebês. Usaram uma caixa de papelão para isso.

A mãe, Ariany, explicou melhor ao site: “Como não tinha lá [a tenda], precisava colocar o dreno. O dreno tinha, mas só de adulto. Eles tentaram cortar e colocar, só que ela estava muito agitada e batia, e ficava saindo. Aí improvisaram tipo uma tenda, que é a caixinha [de papelão], colocaram a mangueira do oxigênio dentro pra ela ficar ali um pouco, pra ela ficar mais calma e ser transportada.”

Transportada, sim. Ela precisava sair de lá para sobreviver. Ficou por 30 minutos na “caixinha”, até que uma vaga fosse encontrada na cidade vizinha de Sumaré, no Hospital Estadual. Lá, está sendo medicada e será tratada até melhorar suas condições de respiração. A equipe que montou a caixa de papelão provavelmente salvou a vida de Alice. Não foram mencionados por nome, como deveria acontecer com profissionais responsáveis por um ato heróico. Não foram porque a notícia revela a precariedade do atendimento aos bebês da cidade. O prefeito é publicitário e deve saber bem disso.

Ao G1, a Secretaria de Saúde de Santa Bárbara D’Oeste preferiu defender-se, sem atacar o problema principal e óbvio: a ausência de estrutura da cidade para atender emergências neonatais. O prefeito da cidade, Denis Andia, costuma aparecer em fotos de inaugurações e afins com Geraldo Alckmin, governador eleito de São Paulo que deixou o cargo para tentar a presidência no fim do ano. Tomara que, nos bastidores, pressione por verbas para a Saúde. Faz isso? Nunca saberemos de verdade.

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